Os cinco inquéritos abertos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, para investigar a possível injeção de R$ 10 milhões por meio de caixa dois nas campanhas tucanas em Minas, no período de 2009 a 2014, podem ser apenas a ponta do iceberg no esquema de propina no Estado.
As delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht citam além dos senadores mineiros Aécio Neves e Antonio Anastasia, o ex-presidente da Codemig Oswaldo Borges da Costa Filho, o marqueteiro Paulo Vasconcelos e o deputado federal Dimas Fabiano.
Nos inquéritos, colaboradores da “Lava Jato” apontam o pagamento de “vantagens indevidas” a pretexto de campanhas do PSDB tanto em Minas quanto no país. Além disso, citam também um “esquema para fraudar processos licitatórios, mediante organização de um cartel de empreiteiras, na construção da ‘Cidade Administrativa’ (ou Centro Administrativo) de Minas Gerais, com o escopo último de obter propinas decorrentes dos pagamentos das obras”.
Há ainda, de acordo com as delações, o possível pagamento de vantagens indevidas a parlamentar e à legenda para favorecer a Odebrecht, “notadamente nos empreendimentos do rio Madeira, usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau”.
Em 2014, Mário de Oliveira Filho, advogado do lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB em esquema de desvio de recursos da Petrobras, disse que obra pública no Brasil não se faz sem “acerto” e quem nega isso “desconhece a história do país”. “Se não fizer acerto, não coloca um paralelepípedo no chão”, disse à época.
O certo é que, a partir das delações dos executivos e ex-executivos da Odebrecht e dos inquéritos abertos pelo Supremo, é necessário um trabalho rigoroso para se apurar os possíveis desvios de recursos e a punição exemplar dos verdadeiros culpados.
Além disso, é necessário dar um basta nos esquemas de favorecimento entre empreiteiras e ‘sistema político’, com vistas a benefícios futuros. Dessa forma, a “Lava Jato” cumprirá essa missão de passar o país a limpo.