Editorial.

A promessa de parar o Brasil

Publicado em 28/04/2016 às 21:25.Atualizado em 16/11/2021 às 03:11.

, foi a decisão do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) de suspender obras nas principais rodovias do país. 

A autarquia diz que não tem como honrar os compromissos oficiais feitos com as empreiteiras e sugere a paralisação de projetos licitados – que já andavam lentamente após o corte de R$ 21 bilhões no orçamento de 2016, anunciado em março. 

Ao todo, a medida vai afetar 61 contratos de obras em onze estados. Dentre elas está a tão esperada duplicação da BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. Parece mentira, mas quem mora ao longo da “Rodovia da Morte” ou é obrigado a passar com frequência pelo trecho não deve se assustar tanto com mais esse adiamento. 

A vontade de tornar a BR-381 norte uma estrada em condições mais humanas de tráfego vem atravessando gerações e já acompanhou inúmeras trocas de gestão pública em todos os níveis, sem que jamais fosse levado a cabo. Há dois anos, a intenção começou a virar realidade, mas desde sempre o projeto foi assombrado por incontáveis denúncias de má gestão, ameaças judiciais e inabilidade política. 

Com o anúncio da paralisação a sociedade civil será obrigada, mais uma vez, a se mobilizar intensamente para exigir da União que não abandone o que começou a tão duras penas. Há esqueletos de viadutos, trechos com terraplanagem por terminar, desvios improvisados e toda a sorte de “indícios de obras” espalhados pelos lotes já entregues às empreiteiras. Esforço que pode ser perdido ou exigir retrabalho quando a consciência e a responsabilidade retornarem às cabeças que governam esse país. 

A insatisfação de Dilma e do PT com a forma como o processo de impeachment está sendo conduzido não pode e não deve ser justificativa para que se imponha tão pesada vingança, que tem mais potencial para prejudicar à população brasileira do que a Michel Temer ou ao PMDB. 

O Brasil já está à mingua e não merece ser soterrado com o que resta da dignidade do atual governo, que pode estar de saída. 

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