A decisão da Prefeitura de Belo Horizonte de manter a proibição de aulas de crossfit gerou mais uma contestação às medidas tomadas diante do cenário da pandemia. Os proprietários de academias e centros deste tipo de atividade de condicionamento físico prometem recorrer à Justiça na tentativa de driblar a restrição. Além de alegar que, para os efeitos técnicos, ele se equipara ao das demais academias, argumentam que é possível desempenhar atividades sem trazer maior risco de transmissão do novo coronavírus, respeitando-se as diretrizes de segurança e proteção.
Trata-se de modalidade iniciada nos Estados Unidos que ganhou popularidade nos últimos anos ao procurar trabalhar diferentes vertentes da preparação física, como resistência cardiovascular e respiratória, força, potência, agilidade e velocidade, entre outras. Por meio de exercícios que incluem levantar pneus de veículos de grande porte, mas também corrida a pé. Rotinas que, segundo instrutores, podem ser mantidas com o respeito ao distanciamento social.
Desde o início do crescimento do número de casos por Covid-19, e já numa primeira tentativa de abertura, houve questionamentos e reclamação dos mais variados setores, insatisfeitos com as condições que se apresentavam. Do ponto de vista do poder público, o embasamento para a adoção das diferentes medidas, restrições e afrouxamentos sempre se balizou no respaldo de médicos e especialistas, que procuraram levar em conta potenciais impactos e perigos num cenário mais amplo de disseminação da doença. Não se tratou, como muito se quis imputar, de falta de sensibilidade para com as variadas áreas de negócios.
A própria Justiça, ao longo deste período, se disponibilizou a intermediar conversas entre os lados que facilitassem o encontro de soluções de consenso. Assim deve ser também agora, sem o apelo a liminares que só venham a criar burocracia e insegurança jurídica.
Se há argumentos lícitos, que sejam apresentados e ouvidos para que se corrija eventuais distorções. O momento exige, mais do que tudo, ações em conjunto que permitam avançar de forma sustentável e segura, levando-se em conta que o conjunto da população da capital e sua saúde são prioridades, mais do que qualquer negócio específico.