Editorial.

As grandes dívidas

09/04/2016 às 17:31.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:52

A crise não perdoa ninguém. Mesmo exibindo números astronômicos de faturamento, as siderúrgicas também estão no time das empresas que sofrem com a recessão econômica em que mergulha o Brasil. Trata-se de uma cadeia maléfica para qualquer departamento de finanças. A construção civil responde por 36% do consumo de aço no Brasil. O setor parou de crescer, demitiu quase 500 mil trabalhadores no ano passado, muitos lançamentos de imóveis foram adiados porque as vendas despencaram.
Outro setor que consome bastante aço nacional, o de máquinas e equipamentos, pegou carona na retração das atividades. Ele responde por cerca de 20% do consumo, e não é preciso análises complexas de conjuntura para se constatar que também colocou freio no ano passado e o mantém em 2016. Por último, a indústria automobilística também se nega a sustentar a produção siderúrgica. Automóveis, ônibus e caminhões não movimentam como antes a rotina das montadoras. Resultado: menos compras de matéria-prima.
O resultado foi a queda de 16,7% no consumo de aço no Brasil. Desta forma, como sobrevivem as siderúrgicas?
Restou às grandes empresas buscarem os bancos para o refinanciamento das dívidas, acumuladas com a queda do faturamento.
Considerando o número de empregados na indústria siderúrgica e a importância do setor para o Produto Interno Bruto podemos esperar consequências negativas para a economia brasileira como um todo.
O Instituto Aço Brasil tem uma lista de pleitos para o setor, que considera necessários para que a situação, já deteriorada, não se agrave. A elevação de alíquotas de importação ou imposição de barreiras ao aço que é produzido com subsídios é a principal reivindicação. A concorrência com o aço chinês incomoda as empresas brasileiras há algum tempo. O Instituto também aponta a necessidade de mecanismos de compensação tributária para acesso das siderúrgicas do país ao mercado internacional.
É certo que de pouco adiantam essas medidas, se o mercado interno está enfraquecido. Mas elas seriam, ao menos, instrumentos para incremento das exportações, aliviando um setor tão importante para o Brasil.

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