Menos de um ano após a descoberta de uma doença provocada por um novo coronavírus que viria a ser batizada Covid-19 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), muito ainda há a descobrir sobre ela. O que inicialmente parecia ser apenas uma enfermidade de ordem respiratória tem atingido também outros órgãos como o coração, além de provocar uma tempestade viral que desperta respostas de defesa capazes de gerar sintomas e condições aos poucos descobertas, tanto mais se consegue avançar em sua compreensão. De forma progressiva, as certezas envolvendo a evolução do quadro em cada paciente se desfazem, a ponto de ser difícil falar em sintomatologia padrão. Como se houvesse várias Covids, e não apenas uma.
Fica a cada dia mais claro que a compreensão completa do organismo invisível capaz de provocar uma emergência de saúde global não será algo rápido. Que o volume de conhecimento a respeito que possa gerar uma literatura única e balizar os procedimentos de enfrentamento ainda tem muito a ser acrescentado diante das constantes observações, pesquisas e estudos. E que respostas a dúvidas como o grau de imunidade dos pacientes infectados e “curados”; além de sua duração (se definitiva ou temporária), dependerão do progresso do trabalho incessante desenvolvido nos mais diversos centros de pesquisa do planeta.
Mais recentemente começaram a surgir indícios de que o vírus pode permanecer no organismo por bem mais do que os 14 dias inicialmente imaginados, ainda que de forma dormente e assintomática. O que abre a possibilidade, ainda não confirmada, de uma segunda onda da doença no paciente. O que exigiria, portanto, monitoramento para além do que se considerava, e pode alterar inclusive conceitos como o de que o paciente recuperado pode se expor a outras pessoas sem novo risco de transmitir a Covid-19.
Em meio a tantas dúvidas, paralelamente às já tristes certezas envolvendo a enfermidade e seus efeitos, tem-se portanto motivos a mais para não relaxar nas medidas de proteção e distanciamento social. É preciso ter claro que, longe de ser uma condição inócua, a Covid se manifesta de diversos modos diferentes conforme os organismos infectados e, por isso, deve seguir merecendo atenção das autoridades de saúde para além de quando a curva de contágio decrescer.