A legislação eleitoral brasileira, de forma elogiada pelos especialistas, tem procurado tornar mais rígidas as condições para o funcionamento dos partidos, de modo a tentar corrigir uma distorção preocupante: a proliferação de legendas de forma desenfreada, o que acaba por enfraquecer o próprio sistema. Siglas surgem, mudam de nome, muitas vezes sem a menor coerência com princípios ideológicos, o que confunde o eleitor e acaba por distorcer o cenário político.
Para forçar a qualificação e a capilaridade partidária, vem sendo adotada de forma progressiva a chamada cláusula de desempenho, que exige percentual mínimo de votos no território nacional para permitir o acesso à propaganda gratuita de rádio e TV e ao financiamento público. O que, à medida em que não alcançada, levará a fusões ou mesmo à extinção de algumas siglas, com o esperado fortalecimento das demais. Para que se tenha uma ideia, hoje estão regularizados junto ao Tribunal Superior Eleitoral 33 diferentes partidos.
O tempo disponível para a divulgação de ideias e propostas nos meios de comunicação de forma gratuita também depende do percentual de parlamentares de uma determinada sigla na Câmara dos Deputados. Nesse xadrez, entram as coligações, ainda permitidas para os cargos majoritários, como o de prefeito, que se disputará a partir de 15 de novembro. Prevalece, em termos de exposição, quem tem mais representatividade.
O cenário atual, no entanto, é bastante diferente daquele que se verificava antes do advento da internet, quando apenas rádio e TV e as ações de rua eram os instrumentos para se mostrar ao eleitor, apresentar propostas e ideias e cativar o interesse (e consequentemente a decisão do voto).
A possibilidade de uso das redes sociais ajudou a dar maior voz a quem, teoricamente, se mostra em desvantagem. O caminho para o crescimento dos pequenos deve passar pela criatividade, pela defesa das ideias e por iniciativas relevantes do ponto de vista social. É inegável que ainda há um abismo econômico neste contexto, mas a nova realidade trouxe instrumentos que podem, e devem ser usados para o debate e a interação com a população. Informação séria e relevante que auxilie no processo de escolha nunca é demais.