Editorial.

Carroças, carroceiros e um dilema

15/12/2020 às 22:02.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:19

Está nas mãos da prefeitura decidir em que condições carroceiros – profissionais que tiram o sustento do transporte de entulho, pequenas mudanças e material de construção, sobretudo em bairros mais afastados do Centro de BH – continuarão trabalhando caso o Projeto de Lei que prevê a extinção de veículos de tração animal em BH seja sancionado.

Aprovado ontem em segundo turno na Câmara Municipal, o texto toca num tema sensível, naquele difícil equilíbrio que buscamos encontrar quando, de um lado, temos pessoas humildes que sobrevivem daquela atividade e, de outro, animais que, dependendo do dono, são praticamente escravizados. É o velho e desafiador embate entre manter o ganha-pão de vários chefes de família e defender o bem-estar dos cavalos que, sim, merecem ser tratados de forma digna. 

A situação em que os vereadores deixam a prefeitura é a de decidir se o PL será mantido e, se isso acontecer, se será tal qual foi aprovado. O texto que passou na Câmara prevê que o município crie subsídios para que as carroças sejam substituídas por veículos motorizados. Também estabelece que capacite esses condutores, inclusive para outras funções.

Não há dúvidas de que a função do município é também social. Por isso, é pouco provável que deixe completamente desamparados os carroceiros. Mas não há ingenuidade, aqui, para achar que esse apoio será fácil. Tanto pelos custos a serem suportados pelos próprios profissionais quanto por uma eventual dificuldade em conseguir que eles sejam absorvidos por um mercado de trabalho a cada dia mais competitivo, enxuto e cruel. 
 

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