Uma entrevista coletiva dos secretários municipais que ocupam a linha de frente no esforço de combate à pandemia de Covid-19 em Belo Horizonte trará hoje, em algum aspecto, um panorama das possibilidades de retomada de atividades na capital. Não se sabe se com medidas imediatas ou um calendário que comece a ser posto em prática mais adiante, tomando por base os vários protocolos já divulgados, que devem balizar a atuação dos diversos setores.
É bem verdade que a curva de contágio na cidade, de forma gradual, apresenta inflexão, após a explosão de casos que levou ao pico e se manteve em nível elevado, num platô. Além disso, pela primeira vez em quase dois meses, na última quarta-feira não foi registrada morte pela doença na cidade. Por outro lado, alguns indicadores fundamentais no monitoramento da pandemia se mantêm em percentual preocupante, como a ocupação de leitos de UTI na rede pública (90,7%) por pacientes de Covid.
Não é possível, portanto, colocar em risco um esforço que, a duras penas, começa a mostrar resultados, ainda em que meio às mais variadas manifestações de desrespeito das determinações e recomendações por parte da população. Qualquer movimento no sentido de uma retomada tem de ser ancorado em preceitos científicos e com a preocupação básica de não provocar nova aceleração no número de casos. A precipitação é algo que não pode se aplicar ao momento, por mais que haja pleitos dignos dos representantes dos mais variados setores da economia, preocupados com os mais de quatro meses de operação restrita ou inexistente.
Um pacote de medidas para a flexibilização das atividades em BH deve levar em conta, de modo especial, a questão do transporte coletivo, hoje principal foco de aglomerações e que, como mostrou o Hoje em Dia, vem gerando inúmeras multas por descumprimento de ações de prevenção e proteção. Deve-se ainda buscar alternativas para evitar ao máximo a existência de horários de pico, com escalas alternadas.
É preciso ainda orientar o cidadão quanto a eventuais posturas e comportamentos protetivos conforme a necessidade de estar fora de casa. Mostrar como e o que fazer para além do uso da máscara e das medidas de higienização constante. O quebra-cabeças é delicado, e uma peça faltante pode pôr a perder o desfecho do que é, efetivamente, uma guerra.