Editorial.

Começando a fazer o básico

Publicado em 08/06/2017 às 20:25.Atualizado em 15/11/2021 às 08:59.

Os moradores em geral já sabiam o que somente após seis meses de gestão a Prefeitura de Belo Horizonte comprovou. A população de rua da capital mineira aumentou significativamente nos últimos meses. Desde a primeira estimativa, feita em janeiro, já são mais de mil pessoas a mais. 
Primeiramente, morar na rua não é sinônimo de bandidagem ou vadiagem. A minoria se envolve em crimes, mas boa parte consome drogas. É um problema mais social e de saúde do que de segurança pública. 
A indiferença de boa parte da população ajuda a construir alguns estigmas que marcam a vida da população de rua. 
Por fim, esse é um problema que atinge muitas das principais metrópoles do mundo, sim. É bem mais comum em sociedades extremamente exclusivas, como a brasileira e a de alguns estados norte-americanos, por exemplo. Mas a diferença está em como se enfrenta o problema. Uns buscam entender, acolher e abrigá-los. Outros, os expulsam dos locais de maior concentração a balas de borracha, sem se dar conta que só estão transferindo eles de lugar. 
A escolha de como será o tratamento a essa parte da população é uma decisão de governo, e estamos bem atrás nessa questão. 
Belo Horizonte não tem espaço para abrigar a totalidade de sua população de rua. Muitos dormem ao relento porque os abrigos estão lotados e não há muita opção. 
É difícil pensar em tratamento ou abordagem sem dar o mínimo de dignidade a essas pessoas. Se quisermos que eles sigam um outro caminho, temos que, pelo menos, dar uma amostra dele.
Um levantamento sobre quantas pessoas são, mesmo que esse número varie nas dezenas, é um começo para abordar a questão, mas ainda estamos longe de ter uma estrutura suficientemente aceitável para que profissionais de alta capacidade e grupos de ajuda possam atuar com maior eficácia. 
Esperamos que esse levantamento seja usado para organizar as ações de política para a população de rua da capital mineira e que todas as organizações que trabalham com esse público possam desenvolver ações conjuntas. 
Reduzir o número de moradores não deixará a cidade mais segura ou mais bela, e, sim, mais humana. 

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