Editorial.

Diálogo para a retomada em BH

Publicado em 23/07/2020 às 08:37.Atualizado em 27/10/2021 às 04:06.

A decisão do presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), desembargador Gilson Soares Lemes, de revogar liminar em primeira instância que permitia a abertura imediata de bares e restaurantes em Belo Horizonte mostra como é fundamental adotar o diálogo e os caminhos institucionais para as questões decorrentes do enfrentamento da pandemia. A sentença apela ao entendimento entre as partes para a busca de uma ação conjunta que, em nenhum momento, descuide da prioridade, que é a questão sanitária.

De nada adianta, pela forma judicial, forçar situações que esbarram na constatação de que a ocupação de leitos públicos de UTI na capital segue acima dos 90% e que os números de casos e óbitos não dão sinais imediatos de recuo. Os próprios propositores da ação reconheceram que não haveria condições adequadas para uma retomada do setor fora de um contexto mais amplo, que envolva também outras áreas. Abrir portas num momento em que a determinação oficial é a de permanecer em casa e todo o arcabouço público aponta para este sentido seria não só contraproducente, como equivocado.

Reclama-se do fato de que BH segue há mais de 120 dias em regime de restrições, provocando com isso um impacto considerável na atividade econômica mas, desde o surgimento da pandemia, se mostra a cada dia de forma mais claro como não se pode dissociar o fato da proteção à saúde e às vidas humanas. O trabalho da Prefeitura tem se baseado em números e a primeira tentativa de abertura, por equívocos em sua concepção e falta de suporte da população ao modelo apresentado, exigiu um recuo. Mesmo com a ampliação do número de leitos, revela-se agora um quadro que antes a subnotificação e a ausência de testagem camuflavam de forma enganosa, passando a falsa impressão de que o Estado apresentava números menos trágicos.

É preciso ter em mente que não há como conceber o quebra-cabeças da retomada sem levar em consideração todas as peças, de forma integrada e sistêmica. E o melhor instrumento para que isso ocorra com maior chance de sucesso é a ação coordenada; a colaboração dos diversos setores de forma propositiva, compreendendo as limitações do ponto de vista do enfrentamento à pandemia. 

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