Mais de 75 mil postos de trabalho fechados entre março e maio nas micro e pequenas empresas (MPEs). O saldo registrado pelo Sebrae Minas para o período ilustra o impacto econômico da pandemia do novo coronavírus no estado. E chama a atenção especialmente por se tratar do setor que, sozinho, emprega cerca de 60% da mão de obra formal. Um contingente de negócios que talvez não apareça tanto isoladamente mas que, no conjunto, tem papel fundamental para a saúde financeira de Minas e dos mineiros.
Não é preciso ir longe ou dominar conceitos econômicos complicados para entender que as medidas de isolamento social e restrições à circulação ajudaram a desenhar o fenômeno. Tanto mais que os setores de comércio e serviços, bares e restaurantes foram os que mais contribuíram para o quadro negativo. Impossibilitados por bom tempo de abrir as portas e nem sempre capazes (seja pela natureza do que oferecem, seja pela dificuldade de acesso ao mundo digital), foram obrigados a redimensionar as atividades, no melhor caso, ou mesmo entregar os pontos, no pior. Apenas em Belo Horizonte, 48.627 pessoas perderam os empregos em MPEs.
É equivocado, no entanto, creditar a tendência à pretensa intransigência das autoridades, que em determinados casos foram firmes no sentido de aguardar por condições sanitárias mais adequadas para iniciar o processo de retomada. Abrir mais cedo muito provavelmente representaria maior número de infectados (e talvez mortos) e não necessariamente maior número de pessoas na rua, consumindo. Mesmo porque, em outros setores, também houve diminuição drástica da renda. Se há menos dinheiro, há menos potencial de compra.
Mais do que nunca, empreender se tornou missão complicada. Ainda mais pela dificuldade de acesso ao crédito e pela desconfiança do sistema bancário, temeroso em não recuperar o que emprestou. Números como estes apenas reafirmam a necessidade de abraçar os médios e pequenos, por meio de programas de incentivo, subsídios e qualificação. Com seu trabalho de formiguinha, eles são os mais capazes de liderar um cenário de criação de novos empregos e recuperação econômica. Desde que devidamente amparados e ajudados por todas as esferas de governo.