Editorial.

Efeitos colaterais da pandemia

Publicado em 31/08/2020 às 08:08.Atualizado em 27/10/2021 às 04:25.

Além do número considerável de infectados e das mortes, a pandemia de Covid-19 em Minas acaba provocando efeitos colaterais no enfrentamento a outras questões sanitárias. É assim, por exemplo, com a cobertura vacinal, especialmente no que diz respeito à imunização contra o sarampo. E, como o Hoje em Dia já mostrou, traz preocupação no tratamento de tumores, diante de um possível temor de contaminação de pacientes já de certa forma debilitados.

Assim também é com os transplantes de órgãos, que mobilizam toda uma estrutura para identificação de doadores, muitas vezes envolvendo o emprego de aeronaves para o transporte dos tecidos a serem usados. Registra-se redução de 30% no primeiro trimestre deste ano, ao passo que a fila de espera cresce. E, em muitos casos, fala-se de necessidade urgente, com riscos de morte maiores a cada dia.

A maior redução verificada diz respeito aos órgãos retirados de doadores vivos, os rins. Também aqui a motivação é o temor de infecção pelo novo coronavírus diante de um quadro cirúrgico. No caso das córneas, o complicador é a falta de exames de detecção RT-PCR que se apliquem aos doadores falecidos para constatar o risco zero de transmissão.

O que tende, segundo os especialistas ouvidos, a criar um cenário de sobrecarga quando a pressão provocada pela Covid-19 for menor e permitir a retomada dos transplantes em maior escala. Neste caso, outro tipo de colapso, igualmente preocupante. 

Algo que se faz questão de ressaltar desde o início da pandemia, em março, é a necessidade de monitorar e tratar outras condições clínicas, que acabaram em segundo plano diante da preocupação em se manter em casa e evitar ambientes com maior risco de contágio. 

Fica claro que, mesmo com a curva de contágio dando os primeiros sinais de diminuição, não se pode descuidar da estrutura de saúde para quando o coronavírus provocar menor pressão sobre ela. 

As vidas têm o mesmo peso qualquer que seja o quadro que as coloque sob ameaça. E há todo um calendário de procedimentos não-eletivos à espera, bem como os efeitos de doenças típicas do período e até mesmo endêmicas.

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