As leis foram feitas para serem cumpridas, independentemente da presença de um agente fiscalizador que puna quem comete a infração. Mas a desobediência às regras de circulação é bem comum no trânsito do país. Só reduzimos a velocidade próximo ao radar, só respeitamos o sinal vermelho quando há registro de avanço e deixamos de parar em local proibido quando não há uma viatura por perto.
Mostramos na edição de hoje que somente 8% das autuações em BH ocorrem com o veículo em movimento. Isso mostra que há uma predileção do poder público por verificar os carros parados do que realmente o comportamento do motorista em trânsito, quando há maior risco de acidentes e maior impacto de infrações cometidas no tráfego.
O curioso é que você não precisa de muitos agentes para flagrar desrespeito de motoristas nas principais ruas e avenidas da cidade. Nossa reportagem flagrou dezenas de motoristas cometendo infrações em apenas uma esquina do centro da capital durante 60 minutos. Basta um agente de trânsito parado no local para coibir os abusos.
Você que dirige ou anda pela cidade, quantas vezes viu um motorista ou motociclista cometer infração em movimento e ser multado? Sabe de algum conhecido?
Em países desenvolvidos, onde o trânsito é tratado com a seriedade que merece, quem é flagrado fazendo conversão proibida é parado e leva, no mínimo, uma advertência. Aqui, quem muda de faixa sem sinalizar, fura sinal vermelho, desrespeita a faixa de pedestre ou invade faixas exclusivas leva, no máximo, uma buzinada no ouvido. Nada mais.
Portanto, o esquema de fiscalização é equivocado e burocrático. Prioriza-se o mais fácil e não naquilo que poderia fazer diferença para garantir a segurança das pessoas e a maior fluidez dos automóveis. Soma-se a isso a cultura brasileira de desrespeito ao outro, e o retrato do péssimo trânsito no país está traçado.
A mudança tem que vir em todos os lados. Estamos em um momento marcante da nossa história, em que precisamos tomar uma decisão sobre como queremos o nosso país no futuro. Na política, parece que uma virada está ocorrendo. Que tal estendê-la para outras áreas, como o trânsito? Nossos filhos e netos agradecem.