Editorial.

Mais um desafio à saúde em Minas

Publicado em 06/10/2020 às 19:48.Atualizado em 27/10/2021 às 04:43.

Não bastasse toda a mobilização e preocupação levantadas pela pandemia de Covid-19, com quase 310 mil casos confirmados e mais de 7.600 mortes, Minas Gerais vive um novo alerta de saúde. Depois do período de inverno com temperaturas mais baixas e a maior incidência de condições respiratórias, a combinação fora de época do forte calor com a baixa umidade do ar provoca um quadro igualmente preocupante. Agravado pela alta incidência de incêndios florestais, e a elevação de partículas de fumaça que se deslocam por grandes distâncias e pioram a qualidade do ar.

Uma situação que os meteorologistas acreditam se prolongará até o fim do mês, com perspectiva de temperaturas recordes. Algo tão mais preocupante em regiões já marcadas pela prevalência do calor - casos de Triângulo e Jequitinhonha. Mas que em Belo Horizonte e outras cidades de maior porte ganha um complicador na forma das emissões poluentes de veículos e indústrias.

Também neste caso há riscos de problemas para as vias aéreas, obrigadas a inalar um oxigênio ainda mais impuro. E há o perigo de problemas como a desidratação, a perda de sais minerais essenciais para o funcionamento do organismo e a hipertermia. Do ponto de vista da prevenção, torna-se fundamental a hidratação constante e todo o esforço para umidificar ambientes e favorecer a circulação do ar, de modo a atenuar os efeitos de uma sensação térmica que, conforme o caso, pode passar de impressionantes 40°C. A exposição ao sol deve ser ainda mais evitada nos momentos de maior disseminação de radiação ultravioleta.

Do ponto de vista da saúde pública, há pouco que se possa fazer para atenuar a situação. Debelar os incêndios florestais é um passo importante, embora incapaz de, sozinho, criar condições climáticas mais favoráveis. Deve-se sim manter centros de saúde preparados para receber pacientes vítimas do período quente e seco. E, a médio e longo prazo, adotar medidas de enfrentamento à mudança climática cada vez mais evidente, priorizando energias limpas, valorizando a circulação do ar entre as construções e recuperando a cobertura verde devastada pelo fogo. Somente assim será possível evitar uma emergência de proporções sérias. Não se pode mais encarar cenários como a tragédia das chuvas de forma isolada, fora de um contexto mais amplo, que merece todo o cuidado.
 

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