Quando se completam exatos seis meses desde o primeiro decreto que restringiu o funcionamento de diversos setores em Belo Horizonte como resposta à pandemia de Covid-19, a Prefeitura anuncia o que, na prática, pode ser considerado um dos últimos passos do processo de retomada.
Entre as medidas anunciadas estão a reabertura de clubes de lazer; a possibilidade de uso das praças de alimentação dos shoppings e a extensão dos dias e do horário de funcionamento dos bares e restaurantes. Até mesmo a feira de artesanato da Avenida Afonso Pena, uma das principais atrações turísticas da cidade, voltará a acontecer, com medidas de prevenção e distanciamento para evitar as aglomerações.
O rol de decisões foi tomado com base nos parâmetros técnicos e no parecer dos especialistas que compõem o Comitê de Monitoramento da pandemia em BH. Como, aliás, todos os passos anteriores, em termos de restrições e relaxamento das mesmas. O que pressupõe melhora nos indicadores – como de fato ocorre. Mas, por outro lado, trazem consigo um risco que não pode ser desprezado. Quanto mais se tem pessoas nas ruas, em estabelecimentos e locais públicos, maior a possibilidade de transmissão. Ainda que a incidência do novo coronavírus seja hoje menor do que a registrada no período de platô.
Há ainda outro aspecto que não pode ser ignorado: os deslocamentos de pessoas para o interior têm trazido, no retorno a BH, o vírus de volta – o registro do maior número de casos agora se concentra longe dos grandes centros. O que reforça o perigo de uma segunda onda que exija novos recuos.
É preciso acordar de uma vez por todas para o fato de que a volta às atividades, quais sejam elas, não pode estar dissociada das medidas de prevenção e dos cuidados hoje mais que difundidos.
Não há como conceber, ao menos por enquanto, uma normalidade que dispense a cautela e os protocolos necessários para limitar a proliferação da Covid. Os mais de 4,4 milhões de casos e 135 mil mortes são alertas suficientes para manter a guarda. É importante comemorar os avanços, mas também fazer por onde garantir que sejam definitivos.