Estamos em meio a uma certa revolução tecnológica sem precedentes na história humana. Essa nova era, inaugurada pelo advento da internet, está mudando a nossa relação com o mundo. E ninguém sabe ao certo quando e como esse processo terá fim.
Se há poucos anos podíamos ter contato com informações do mundo inteiro, hoje carregamos a fonte inesgotável de dados nas bolsas e nos bolsos por meio dos aplicativos dos telefones.
Mas toda evolução tem um preço. E poderíamos discutir por dias as consequências para a sociedade de um mundo totalmente conectado. Mas vamos nos concentrar em somente um dos, digamos, efeitos colaterais da era da informação infinita e em tempo real.
Destacamos na edição de hoje o crescimento do número de acidentes causados por motoristas com sinais de embriaguez na capital mineira. A alta ocorre quase na mesma época do endurecimento das punições para quem é pego conduzindo automóveis após consumo de álcool, com multas que podem chegar a quase R$ 3.000 e com o risco de prisão do suspeito de cometer a infração.
Será que a população perdeu o medo? Talvez não seja assim. Não parece cabível afirmar que, em tempo de crise, os motoristas não se importem de tomar tamanho prejuízo. O que parece explicar melhor é que os condutores embriagados têm, hoje, várias ferramentas que ajudam a evitar passar pelas barreiras policiais. Os aplicativos indicam quase em tempo real, e com a conivência dos próprios motoristas, os pontos exatos das operações. Por isso, como destaca uma das fontes na reportagem, o aumento de acidentes, mesmo com um número de blitze considerável.
Regulamentar o mercado digital é bem difícil, mas as autoridades de trânsito deveriam proibir de alguma forma que essas indicações, ou pelo menos restringi-las até mesmo com um acordo com os desenvolvedores dessas plataformas.
A facilidade que esses produtos oferecem, na hora de sair de um congestionamento ou chegar a um endereço desconhecido não pode servir também para ajudar o infrator de trânsito ou o ladrão de carros. Sem essa restrição, esses aplicativos prestam, mesmo que sem intenção, um verdadeiro desserviço à população.