Editorial.

O recado das prioridades

09/12/2020 às 20:37.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:16

A pandemia sacudiu a economia, adiou planos e sonhos, apressou o fim de relacionamentos quarentenados, isolou amores de toda ordem, redefiniu o mundo do trabalho, multiplicou a ansiedade, polarizou mais o mundo, transferiu a sala de aula para dentro de casa, encolheu a renda, encurtou a vida. De muitos, infelizmente. 

Por tudo isso e um pouco mais não é tão difícil sentir como se o mundo estivesse de cabeça para baixo e com as prioridades invertidas, mas causa espanto ver tantas manifestações em defesa daquilo que talvez não devesse ter lugar em qualquer época. Que dirá em tempos como estes.

Assistimos de cá o início da imunização em massa no Reino Unido. Oxalá saia tudo dentro dos conformes, para que sopre para todos os demais cantos do planeta não somente um sopro, mas um vendaval de esperança. 

Enquanto isso, segue por aqui a politização em torno da vacina, o que tem nos levado situações esdrúxulas, para dizer o mínimo.

Na disputa pelo que pode ou não fazer diferença no pleito presidencial - que ainda será daqui dois anos, se um meteoro não acabar com tudo antes -, a eleição na Câmara dos Deputados ganha mais peso do que o combate à pandemia que, aliás, já perdeu atenção para vários outros temas. O Planalto se mexe para barrar a permanência de Rodrigo Maia.

O Ministério da Saúde já mudou três vezes a data de um possível início de imunização da população. O ministro Pazuello falou em compra de vacina “se houver demanda”. E o governo Bolsonaro reduz impostos para importação de revólveres e pistolas. 

O contador de mortos e leitos ocupados, de hospitais lotados, de falácias, desmandos e inversão de prioridades não dá trégua. Mas a conta de 2020 vai ficando cada dia mais pesada. 
 

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