O desemprego é cruel e atinge quase 13 milhões de brasileiros. Mas ele não é igual para todos. Pelo contrário. A taxa de desocupação entre as mulheres é muito maior do que entre os homens. No país, enquanto o índice é de 11% para eles, para elas chega a 14,2%.
A discrepância entre os sexos no mercado de trabalho aparece também em Minas Gerais. No Estado, a taxa de desemprego para as mulheres é quase quatro pontos percentuais acima da dos homens, conforme apontam os dados da última Pesquisa Nacional de Amostragem Por Domicílio (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por aqui, no último trimestre, o desemprego atingiu 14,2% das mulheres, ante 10,7% dos homens.
Pessoas de pele preta e parda também sofrem mais com o desemprego e, quando têm emprego, trabalham em atividades de menor qualificação e em piores condições, como o trabalho doméstico ou de ambulante. A desocupação atinge mais os negros (13,8%) e pardos (14,3%) do que os brancos (9,4%), conforme os números da Pnad para Minas Gerais.
Não que o quadro seja novidade, infelizmente. Mas a crise acaba exacerbando as desigualdades de gênero e racial já existentes há tantos anos no nosso país. O mercado de trabalho desaquecido mostra de forma ainda mais crua e real as suas assimetrias. São justamente os mais vulneráveis os primeiros a serem eliminados do mercado de trabalho. Sem dó nem piedade.
Os poucos que conseguem preservar o emprego se veem obrigados a se contentar com a metade do que ganham os brancos. O rendimento médio dos trabalhadores pretos e pardos, cerca de R$ 1.500, foi apenas 55,5% do registrado para os trabalhadores de pele branca (R$ 2.757).
E vejam o retrato. O Brasil tem 1,832 milhão de ambulantes, sendo que 1,222 milhão, ou 66,7%, são negros ou pardos. Empregadas e empregados domésticos somam 6,177 milhões de pessoas, e 4,076 milhões, ou 66%, têm a pele preta ou parda.
São dados que chocam e evidenciam que a conta imputada por anos de colonização e escravidão está longe de ser paga. A abolição tem mais de 100 anos no Brasil, mas as marcas dessa tragédia ainda estão aí. Dolorosas e injustas como sempre.