Editorial.

Os gritos das ruas e as reformas de Temer

Publicado em 26/04/2017 às 18:45.Atualizado em 15/11/2021 às 14:18.

O presidente Michel Temer  deve enfrentar amanhã um dos maiores desafios desde que assumiu o Planalto em meados do ano passado. Diversas categorias de peso já decidiram aderir à paralisação nacional contra os projetos de reforma da Previdência e Trabalhista e a sanção pelo governo da terceirização em todas as atividades das empresas. Em Minas Gerais, pelo menos 55 categorias de trabalhadores devem promover manifestações em nada menos que 53 municípios.

Bancários, metroviários e motoristas de ônibus de BH e da Grande BH já decidiram cruzar os braços, assim como funcionários de unidades de saúde, de escolas e até servidores da Justiça, do Ministério Público  e da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas. A greve está sendo convocada pelas principais centrais sindicais contrárias aos projetos do governo, mas deve contar também com a adesão da Força Sindical, tida ainda como aliada de Temer. Além do trânsito caótico em várias capitais, aeroportos também podem ter os voos comprometidos.

Os reflexos da paralisação de amanhã podem inclusive mudar os rumos das reformas propostas pelo governo, que tem trabalhado a todo vapor para que sejam aprovadas em tempo recorde. Em relação ao texto original da Previdência, Temer já foi obrigado a recuar em pelo menos seis pontos para tentar facilitar a aprovação do projeto como, por exemplo, a idade mínima para as mulheres se aposentarem, que caiu para 62 anos, e a previdência dos entes federados, que ficou a cargo dos estados e municípios, que terão seis meses para propor mudanças nos sistemas para garantir o equilíbrio orçamentário.

Outro projeto que pode levar o governo a recuar é o que diz respeito às mudanças na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), levado a plenário na Câmara ontem para votação. O texto-final do projeto havia sido aprovado na última terça-feira na comissão por 27 votos a favor e dez contra. O governo chegou, inclusive, a liberar três ministros para votar a favor da matéria.

Desde o ano passado, Temer vem enfrentando constantes manifestações contra as reforma. No entanto, a recente delação de executivos e ex-executivos da Odebrecht, que envolve oito ministros, tem levado o governo a imprimir um ritmo alucinado para aprovar os projetos que considera fundamentais, sob pena de não conseguir colocar o trem da economia nos trilhos.

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