Editorial.

Os riscos da retomada das aulas presenciais

Publicado em 27/07/2020 às 19:54.Atualizado em 27/10/2021 às 04:08.

Um milhão de pessoas acima dos 60 anos ou com doenças crônicas em perigo. O número é fruto de análise da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre os eventuais impactos que a volta às aulas presenciais traria em Minas Gerais. Trata-se do volume de pessoas em contato com crianças e adolescentes que, ao retomar a rotina escolar, passariam a ver ampliado o risco de contágio e transmissão da Covid-19. Fator que, felizmente, vem sendo levado em conta, assim como os demais indicadores envolvendo a pandemia no estado, para adiar a possibilidade de retorno, nas esferas estadual e municipal (de Belo Horizonte).

Tem-se um exemplo claro de todos os aspectos envolvidos no quebra-cabeças de uma retomada, dentro de uma perspectiva de evitar nova onda de casos. E que explicita como apenas o percentual de ocupação de leitos de UTI e a taxa de velocidade do contágio não podem ser a referência para os passos seguintes no enfrentamento ao novo coronavírus. É fundamental traçar todos os cenários possíveis para cada medida adotada, pensando de modo sistêmico.

Ainda que com a possibilidade de rodízios e ações como aulas em ambientes abertos, cria-se, de alguma forma, concentrações e aglomerações. Especialmente no caso dos mais novos, torna-se praticamente impossível ir contra o instinto natural da aproximação e da interação, especialmente depois de tanto tempo de distanciamento forçado dos colegas. E não se pode pensar apenas na rotina escolar em si - há ainda a questão do transporte dos alunos, que muitas vezes ocorre por meio do sistema público ou de prestadores de serviço em vans credenciadas. O que exige protocolos unificados e postos em prática de maneira inflexível, num esforço de proteção de todos.

Entende-se o prejuízo do ponto de vista pedagógico provocado pela pandemia, o que tende a impactar na assimilação dos conteúdos e no desempenho escolar do aluno, mas não se pode apressar etapas que devem ser cuidadosamente pensadas, na tentativa de reduzir ao máximo a possibilidade de novos recuos.

Instrumentos há vários para driblar a falta das atividades presenciais. O que não se pode, até mesmo pelo que mostram experiências de reabertura não ligadas à educação pelo país, é agir de forma precipitada. 
 

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