Editorial.

Para quem dar meu voto?

27/03/2016 às 17:04.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:40

Faltam sete meses para a troca dos chefes dos Executivos municipais e os prefeitáveis não estão lá muito animados para a concorrência. Acontece que a profunda crise vivida no Brasil e o consequente turbilhão político, com toda a incerteza do dia a dia em Brasília, fez com que vários dos nossos 77 deputados desistissem da disputa em suas cidades de origem.

No entanto, o fator crise não é o único que se aplica a essas decisões. A recente minirreforma eleitoral, que trouxe a redução pela metade do tempo de campanha e o fim do financiamento empresarial – objetivando coibir a corrupção e o caixa 2, já que o dinheiro para as campanhas deve vir somente de pessoas físicas e do fundo partidário -, desanimou pelo menos 36% dos candidatos que pretendiam, no ano passado, disputar as eleições.

É praticamente impossível hoje conversar com alguém que tenha 100% de confiança em um candidato X, seja para qual for o cargo. É mais fácil ouvir: “votarei no menos pior, o que não pode é ficar como está”, ou “votei no que acho que vai roubar menos, é tudo ‘farinha do mesmo saco...’”.

Reflexo da falta de estímulo do povo para o processo eleitoral é a queda de 31% na adesão de jovens votantes nas eleições de 2014, divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral. São sempre os mesmos e, quando muda, acaba mudando para pior. Não há inovação. O que se ouve são promessas e mais promessas, sem efetivamente trazer melhorias duráveis para a vida do cidadão.

E não é muito isso mesmo? Vivemos na atualidade, mais do que crises política e econômica, uma crise de representatividade. Não há quem se comprometa com os interesses reais de uma cidade, um estado ou o país.

Os partidos tradicionais, envolvidos em mensalinhos, mensalões, “Lava Jato”, e outros esquemas de corrupção, perderam eleitorado, que atualmente busca conhecer mais os candidatos – por meio de mídias independentes e redes sociais, por exemplo.

Talvez rostos novos, que mereçam um voto de confiança, sejam bem aceitos. Ou talvez a descrença esteja tão grande que teremos um recorde de abstenções, votos nulos e/ou brancos nos próximos pleitos. O que não favorece de forma alguma a democracia.

mostra, além da redução dos postulantes, a opinião de especialistas sobre esse momento de descrédito da população brasileira com as instituições e os “políticos de carreira”
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