Um retrato dos
desafios pós-covid
O cenário do mercado imobiliário em Belo Horizonte vive duas realidades distintas. De um lado, as unidades residenciais mantêm o cenário de retomada e otimismo para o setor, a reboque da redução nos juros dos financiamentos, e da queda da Selic à mínima histórica, que volta a colocar os imóveis como opção interessante para os investimentos. Do outro, conjuntos de salas, escritórios e lojas que se espalham pela cidade com portas fechadas e placa de ‘vende-se’, numa realidade que, já antes da pandemia, apresentava um aspecto desolador.
Com o alongar da situação excepcional provocada pelo novo coronavírus, os setores econômicos impedidos de atuar em sua plenitude por conta das restrições de circulação ou com perspectivas incertas de futuro a curto e médio prazo se redimensionam, norteados pelo imperativo de cortar custos e aumentar a racionalidade de suas operações de modo a passar por tempos que seguirão cinzentos. Isso, na melhor das hipóteses, já que o fechamento de empresas e o aumento do desemprego são duas realidades inquestionáveis, o que leva à diminuição do poder de compra e, assim, à consequente maior dificuldade para mover a roda da economia.
A retomada, neste caso específico, não dependerá apenas de vontade, mas de toda uma conjuntura que justifique novo impulso. Uma equação que justifique o aumento dos investimentos; novos planos, expansões e a ordem natural das coisas - mais empresas criadas do que fechadas, o que ainda não aparece num horizonte próximo. Até lá, a tendência é de um período de ajustes e reposicionamentos.
O que mostra a importância de ações coordenadas para abreviar a crise. É fundamental criar programas de incentivo ao empreendedorismo e estímulo à geração de empregos, investir na formação de mão de obra qualificada, bem como buscar alternativas de utilização dos espaços hoje ociosos. Sempre com os pés no chão. O que o cenário do mercado de imóveis comerciais mostra é que o excesso de confiança no tempo das vacas gordas acaba provocando efeito reverso no cenário oposto.
Só assim é possível pensar na redução gradual dos anúncios e placas, substituídos por portas abertas, sinônimo de uma economia pujante.