Editorial.

Vacinação por conta própria

09/12/2020 às 11:24.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:15

Depois dos Estados, chegou a vez de as prefeituras – pelo menos as mais abastadas – começarem a pensar em adquirir, por conta própria, vacinas contra a Covid-19 para imunizar a população. 

Reflexo da total falta de planejamento do governo federal para lidar com a questão, a atitude mostra como a inércia (ou irresponsabilidade) de alguns pode comprometer ou no mínimo embaralhar os investimentos em saúde desenhados por outras esferas públicas. Sim, porque se o dinheiro vai para a vacina, deixa de ser usado em outras frentes, como outras ações de atenção básica. 

Se o problema é nacional, se as vacinas são importadas, o mínimo a se esperar da União seria que se articulasse para comprar tantas doses quantas fossem necessárias – por uma questão não só de absoluto controle sobre o processo como de economia, já que quanto maior o lote de medicamento, melhores costumam ser as condições de compra. 

Esse cenário em que o Ministério da Saúde cuidaria da imunização também garantiria uniformidade à política de prevenção à Covid, já que, ao menos em tese, teríamos apenas um tipo de vacina sendo aplicado na população, sem diferenças quanto à eficácia e aos efeitos colaterais de acordo com o fabricante escolhido.

Acontece que planejamento não parece ser o ponto forte do atual governo, nem nos assuntos de saúde nem em vários outros. O resultado está aí: dependendo de onde o cidadão mora, terá maior ou menor chance de ser vacinado contra o coronavírus o quanto antes. Uma pena, pois a imunização deveria ser democrática – e não depender do quanto o Estado ou a Prefeitura tem em caixa para isso, muito menos do alinhamento do governador ou prefeito com o atual presidente. 

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