Editorial.

Voto ou saúde: qual será a prioridade?

Publicado em 13/11/2020 às 20:49.Atualizado em 27/10/2021 às 05:02.

Nas eleições de 2018 um balanço da votação em segundo turno chamou a atenção: foi a maior abstenção em pleitos presidenciais desde 1998. Nada menos do que 31,308 milhões de brasileiros simplesmente não foram às urnas, o que representou ausência de 21,29% do eleitorado. 

Além disso, foram 2,484 milhões de votos em branco (2,15% do total) e 8,599 milhões de votos nulos (7,43%). Isso equivale a dizer que mais de 42 milhões de pessoas, ou 30% do eleitorado, abriram mão do direito de escolher no processo eleitoral. 

Alguns podem dizer que isso representa uma manifestação de opinião, uma escolha. Sem dúvida, um recado importante para a classe política, mas será mesmo que o caminho mais acertado é deixar a escolha para outros? Quem não participa das reuniões de condomínio pode reclamar depois da escolha do síndico?

Na eleição em plena pandemia um componente a mais pode levar a uma quebra de recorde da votação anterior. Afinal, mesmo com a flexibilização, muitos temem sair de casa e se expôr a um risco de fila, aglomeração e, claro, contaminação nas zonas eleitorais. Ainda mais neste momento em que já se fala em segunda onda de infecção no país. Em Belo Horizonte, por exemplo, a taxa de transmissão vem registrando alta e a recorrente análise do esgoto da cidade mostra que meio milhão de pessoas podem estar com Covid-19. 

Com o perigo à espreita, não será surpresa se parte considerável da população ficar fora do processo eleitoral, elevando o número de abstenções, e quem sabe até, não legitimando o pleito. 

A pandemia, afinal, estabeleceu novas prioridades. E talvez para os eleitores, insatisfeitos que estão com a cena política, e não é de hoje, ir às urnas não seja uma delas.

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