Nova proteção no WhatsApp impede acesso de terceiros a contéudo do aplicativo

Da Redação*
portal@hojeemdia.com.br
05/04/2016 às 15:59.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:48

O WhatsApp começou a utilizar uma nova forma de proteção das mensagens trocadas entre usuários, com a intenção de deixá-lo mais seguro e imune a interceptações e vazamentos. Desde ontem, os usuários passaram a receber um aviso, no meio de suas conversas, que explica o que significa esta nova forma de proteção.

A informação aparece para aqueles que usam celulares com Android, para o iPhone (iOS) e também para quem utiliza o WhatsApp Web. "As mensagens que você enviar para esta conversa e chamadas agora são protegias com criptografia de ponta-a-ponta", diz o texto.

Na prática, a criptografia impede que o conteúdo das mensagens seja interceptado e lido por terceiros. Assim, nem criminosos, nem hackers, nem mesmo os funcionários e engenheiros do aplicativo seriam capazes de acessar o conteúdo de comunicações particulares dos usuários.

Diferente da codificação tradicional, a criptografia de ponta a ponta assegura que apenas os destinatários leiam o conteúdo das mensagens. A atualização de segurança está disponível na versão mais recente do aplicativo. Portanto, não é preciso ativar configurações ou estabelecer conversas secretas especiais para garantir a segurança de mensagens.

O WhatsApp explica que a novidade vale para "todas as ligações de voz que você quiser, e qualquer mensagem, foto, vídeo, arquivo ou mensagem de voz que enviar, (...) incluindo os chats em grupo".Reprodução

Mensagem informa a atualização de segurança

O que a mudança pode representar?

Além de proteger o usuário, o uso da criptografia ponta a ponta também protege a empresa, que normalmente enfrenta problemas por não repassar às autoridades o conteúdo de mensagens. No início de março, o vice-presidente do Facebook, empresa que é dona do WhatsApp, no Brasil foi preso exatamente por este motivo.

Além desse, outros casos desse tipo ganharam repercussão. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma polêmica sobre o fornecimento de informações envolve a Apple e o FBI. A polícia pede que a empresa divulgue dados de mensagens em uma investigação sobre terrorismo, mas a Apple, que usa a criptografia de ponta-a-ponta, afirma que para isso seria preciso criar uma “chave mestra” para desbloquear o conteúdo das mensagens e que fere a privacidade de usuários.

Usuários
Os usuários ouvidos pelo Hoje em Dia aprovaram a medida. "Acho que é uma solução bastante eficaz. Se você for roubado, você tem a segurança dos seus dados, das suas conversas. Por que hoje em dia o whatsapp não é só um bate-papo. Muita gente usa para o trabalho, tem informações restritas ali", disse o técnico em informática Nathan Amorim, 25.

Mas teve gente fazendo ressalvas, como foi o caso do consultor óptico Michel Souza. "Políticos mesmo vão se safar de muita coisa. Eles vão poder conversar à vontade. A Justiça deveria ter alguma forma de acessar. Quem não deve não teme", disse.

Recurso não é 100%
O advogado Alexandre Atheniense, especialista em Direito Digital, explicou que o recurso não é intransponível e pode, sim, ser quebrado e acessado por órgãos de segurança.

Ele lembrou um caso recente ocorrido nos EUA, em que a Apple e o FBI travaram uma disputa pelo conteúdo do celular de um terrorista. A empresa se recusou a fornecer as informações, alegando que o conteúdo estava criptografado. Porém, a polícia americana conseguiu quebrar a segurança e ter acesso às informações.

"Se por um lado o WhatsApp está querendo criar uma nova funcionalidade que antes ele não tinha, por outro eu vejo que essa medida reforça a decisão de não atender as futuras medidas judiciais para revelar os dados trocados entre o internautas", lembrou o especialista.

Facilidade para criminosos

Para Atheniense, a cripotografia de ponto a ponto é um ganho para o usuário, que agora pode trocar mensagens com mais privacidade e segurança. No entanto, o recurso pode aumentar os crimes cometidos por meio da internet e também prejudicar as investigações policiais.

"Quem usar a criptografia para proteger o conteúdo é um bom recurso, não tenho dúvidas, pois aumenta a segurança. Mas se isso for utilizado para se esquivar de cumprir ordem judicial, a empresa tem que lembra que ela é obrigada a cumprir o Marco Civil da Internet (que estabelece regras para o fornecimento as informações solicitadas pela Justiça)", explicou o advogado.

*Com informações de Renata Evangelista

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