50 anos como "Zé do Caixão", um dos seres mais cruéis e sádicos do cinema

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
19/05/2013 às 09:33.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:48

José Mojica Marins se despede com um “fique com Deus”. Cumprimento muito comum quando não estamos diante do criador e intérprete de "Zé do Caixão", personagem que completa cinco décadas como dos um seres mais cruéis e sádicos do cinema.

O sucesso do coveiro de cartola, capa e unhas enormes fez com que autor e cria se tornassem praticamente um só. Mojica já foi expulso de Igreja e acusado de ter ido e voltado do inferno, mas esse senhor de 77 anos nunca escondeu que acredita em Deus.

“O episódio mais extravagante que aconteceu comigo foi com censores durante a ditadura. Resolvi ir à Brasília para defender um filme meu e fiquei perplexo quando eles pegaram em meu corpo e constataram que eu era de carne e osso. Achavam que eu era um extraterrestre!”, lembra.

Mojica não era um fã ardoroso de filmes de terror ou dono de qualquer tipo de bizarrice quando teve um pesadelo, em 1963, sobre um homem de capa preta que o puxava para uma cova. “Veio para mim como algo a ser feito. Não estava imitando ninguém”, observa.

Legítimo brasileiro
 
Portanto, qualquer semelhança com Drácula (a vestimenta) ou Nosferatu (as unhas grandes) não passa de mera coincidência. “Confesso que era ingênuo e não sabia da existência desses seres até o momento em que Glauber (Rocha), o (Luís Sérgio) Person e o Rogério (Sganzerla) vieram me falar deles”, assinala.

Mojica prefere estar vinculado ao estilo surrealista do cineasta espanhol Luís Buñuel. Apesar de não encontrar influências para a composição de Zé do Caixão, ele era um rato de cinema desde os quatro anos, vendo filmes proibidos na sala administrada pelo pai. “O que eu achava mais interessante é que, nas cenas de impacto, as mulheres abraçavam seus namorados. Sempre achei que elas eram mais fortes do que tudo, mas, nessa hora, sentiam muito medo”.

Foi com esse olhar de espectador que não abriu mão de dirigir a estreia de Zé do Caixão no cinema, com “À Meia-Noite Levarei a Sua Alma”, lançado em 1964. “Nunca estudei cinema. Certa vez ganhei um livro do (Gustavo) Dahl e o Person imediatamente o rasgou. Disse que eu não teria que seguir ideia de ninguém. Ao contrário, eles que teriam que seguir a minha”.
 
Saiba mais sobre a carreira e filmografia de Zé do Caixão na http://hojeemdiardp2.digitalpages.com.br/

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