A vinda do Papa ao Brasil e a mobilização política

Hoje em Dia
22/07/2013 às 06:10.
Atualizado em 20/11/2021 às 20:15

Em primeiro lugar, tudo o que cerca a visita do papa Francisco ao Brasil é uma demonstração da importância que têm as religiões para as pessoas. O papa será recepcionado, nesta segunda-feira (22), no Rio de Janeiro, segundo o governador Sérgio Cabral, pela presidente Dilma Rousseff, por no mínimo oito governadores e, sobretudo, pela multidão de jovens vindos de todas as regiões do Brasil e de outros países para participar da Jornada Mundial da Juventude, que começa na terça-feira (23) na cidade.

Apesar dessa demonstração impressionante de poder, é preciso reconhecer que ele já foi muito maior. A Igreja Católica cresceu depois do declínio do império romano e, na onda das descobertas portuguesas e espanholas, passou a ter influência sobre populações do mundo inteiro. Mas, enquanto acumulava riquezas e fieis, sofria também contestações. A mais importante partiu de um sacerdote agostiniano, Martinho Lutero, que, em 1517, começou criticando a venda de indulgências pelo papa, e veio a se tornar a figura central da reforma protestante.

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Raymundo Damasceno, manifestou neste fim de semana esperança de que a visita do Papa Francisco ajudará a conter a evasão de fieis. Pesquisa realizada pelo Datafolha no mês passado confirmou que o poder da Igreja Católica continua em declínio. A frequência às missas e os dízimos recolhidos pelos padres estão em queda, bem como a convicção dos católicos sobre assuntos polêmicos defendidos pela igreja.

De acordo com a pesquisa, 57% dos brasileiros com mais de 16 anos se declaram católicos. É o percentual mais baixo da história. Em 2007, pesquisa semelhante apontou 64%. Em 1994, eram 75%. O segundo maior bloco religioso do Brasil é o de evangélicos pentecostais, com 19%, seguido das igrejas protestantes tradicionais, com 9%. Em ambos os grupos, o engajamento religioso é superior ao dos católicos, tanto na frequência aos cultos quanto nas contribuições às igrejas.

A primeira visita internacional do papa Francisco, justamente ao país com maior população católica, serve para muitos propósitos. Talvez justifique até pôr todo o efetivo da Polícia Rodoviária Federal para cuidar das rotas nacionais e internacionais que levam ao Rio, onde se realiza até domingo a Jornada Mundial da Juventude. Para Dilma Rousseff, sem dúvida, foi útil: ela pôde se livrar da ida à reunião do Diretório Nacional do PT, no sábado, pois precisava reexaminar a segurança do Papa.

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