"Parque de diversões" atleticano abandonado no Marrocos

Gláucio Castro - Hoje em Dia (*)
20/12/2013 às 08:25.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:55
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

MARRAKESH – Debruçado sobre o chão de terra batida a 50 metros do luxuoso Hotel Selman, em Marrakesh, um senhor de barba branca e roupas completamente pretas rezava na manhã de ontem virado para a Meca, cidade sagrada dos muçulmanos. Já a “Meca” dos atleticanos em solo marroquino não recebe mais qualquer reverência. Antes ponto de peregrinação no Norte do Marrocos, o hotel que hospeda a delegação do Galo estava sem graça.

Não havia mais torcedor, não havia mais sonho, não havia mais brincadeira. O tradicional grito de “Ronaldinhooo”, que tomava conta de cada esquina de Marrakesh e tinha se transformado em uma agradável saudação na região, se calou. Ninguém foi ontem à porta do Selman para guardar uma foto de recordação da concentração alvinegra em Marrakesh.

Reclusos

A calmaria tomava conta também do interior do hotel. Praticamente nenhum jogador saiu de seus quartos. Só os belos cavalos árabes e um veterinário eram vistos no local que atraía sempre muitos atletas, entre eles o volante Gilberto Silva, que é criador.

O vexame de quarta-feira à noite já começou a mudar a rotina alvinegra em Marrakesh. Na manhã de ontem, vários veículos que integravam a comitiva alvinegra tinham sido dispensados. Algumas poucas vans, com um escudo do Galo no canto direito do vidro dianteiro, saíram e entraram no hotel. O segurança Anderson foi um dos únicos a colocar o rosto do lado de fora. “A vida segue. Mas a realidade do Atlético agora é outra. Até bem pouco tempo a gente lutava contra o rebaixamento e tinha seis meses de salários atrasados. Ano que vem, quem sabe, estaremos aqui novamente”, disse, sem esconder o descontentamento.

Encarregados da segurança externa, quatro policiais tinham tempo de sobra. Dois aproveitavam a calmaria para ler todas as notícias no jornal local dentro da viatura. Um outro falava tranquilamente ao telefone celular sentado, em um banco sob a copa de uma grande árvore. O quarto aproveitava para conversar com o comerciante de um bar vizinho.

Mas, à tarde, os jogadores não tiveram como evitar o primeiro contato com o mundo externo. Foram obrigados a deixar o hotel para o treino de preparação para a briga do triste terceiro lugar.

(*) Enviado especial 

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