RIO DE JANEIRO - A roupa, protagonista na passarela, ganhou status de obra de arte, na quarta-feira (7), com o desfile da Acquastudio, que abriu a temporada inverno 2013 da semana de moda carioca, Fashion Rio. O evento, com line up de 17 desfiles apresentados até a próxima sexta-feira (9), retornou ao Píer Mauá, no Cais do Porto, cenário também do Rio-à-Porter, bolsa de negócios do evento.

Na apresentação de final de tarde, a Acquastudio deu prosseguimento ao trabalho de mostrar a roupa além de um mero objeto de uso. O olhar artístico da estilista Esther Bauman permitiu transformar materiais em roupas singulares e únicas. Inspirada na imagem de queimadas no cerrado, ela primeiramente trabalhou a textura das peças bordando miçangas, coquinhos de madeira e aplicando massa acrílica em linho, couro, renda e organza . As peças ganharam cobertura como se fossem  tela, parede ou móvel, revelando superfícies inusitadas e, ao mesmo tempo, que instigam os sentidos. Um olhar desatento confunde, por exemplo, miçangas com sementes do cerrado ou, não bastasse isso, a silhueta da roupa, em sua maioria vestido, brinca com cintura marcada, trazendo a memória o New Look de Dior. Em outro momento, as peças se afastam do corpo, revelando formato quase geométrico. Com um filme que retrata o cerrado seco, depois  em chamas e, por último, em cinzas, a apresentação iniciou-se com tons naturais de palha, reverenciando a mata seca, se estendendo para dourados, vermelhos e pretos no final do desfile.

O registro da cores e superfícies brinca com a rusticidade da cobertura roupa e não abre da delicadeza, presente no decote tomara-que-caia, no shape uma saia evasê, na extensão de um vestido longo ou mesmo na cintura delineada com cinto de latão dourado em forma de laço. A grife, que dedica-se exclusivamente à criação de vestidos de festa, seja prêt-à-porter ou sob medida, não dispensou casquetes em forma de ave e em capim dourado emoldurando as cabeças das rainhas do cerrado.

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