Começa nesta terça o festival de documentários "É Tudo Verdade"

Paulo Henrique Silva - Do Hoje em Dia
28/08/2012 às 10:29.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:48
 (Cat&Docs/Divulgação)

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"Ela está certa", assente Jorge Mautner, ao comentar a "lavação de roupa suja" feita pela filha Amora em "Jorge Mautner – O Filho do Holocausto", filme que abre nesta terça-feira (28), às 20 horas, no Oi Futuro BH, a versão itinerante do "É Tudo Verdade" – Festival Internacional de Documentários, realizado há 17 anos em São Paulo e um dos mais importantes do gênero no mundo.

No documentário de Pedro Bial e Heitor D’Alincourt, Amora responsabiliza o cantor tropicalista de ter lhe gerado anos no divã do psicanalista, depois de ver os pais perambulando pela casa sempre nus. Além de batizá-la com um nome fácil de criar situações do que chamamos hoje de bullying.

"Não foi surpresa. A participação dela é ótima, um dos pontos altos do filme", admite, sem antes tentar se justificar ("Foi uma ideia poética, usando a palavra amor") e deixar claro que hoje tem se esforçado para ser, pelo menos, um avô menos exótico. "Quando Amora viaja, eu e minha mulher vamos para a casa dela ficar com a minha netinha de cinco anos", avisa.

Entre uma e outra música (são 36 ao todo), o filme passa a limpo muitas histórias curiosas envolvendo o cantor carioca de 71 anos, autor de "Lágrima Negra" e "Eu Não Peço Desculpa". Uma delas é a que dá título ao documentário.

Mautner nasceu um mês depois de seus pais desembarcarem no Rio, fugidos do Holocausto. A experiência marca a sua vida a ponto de se tornar um ferrenho defensor da cultura hospitaleira do Brasil. "Somos a amálgama do mundo. Hoje ninguém bebe ou respira sem o Brasil", salienta.

Mautner esteve no Festival de Cinema de Gramado, onde o filme ganhou três troféus Kikitos. No "É Tudo Verdade", em São Paulo, promovido em março, perdeu para "Mr. Sganzerla – Os Signos da Luz", que também terá exibição em BH. Outros destaques da programação são "Planeta Caracol" e a retrospectiva de quatro trabalhos do argentino Andrés di Tella.

Trilha sonora do filme será lançada em CD nos próximos meses

Jorge Mautner deve lançar até o final do ano um CD com as músicas do filme, algumas delas gravadas ao lado de Gilberto Gil e Caetano Veloso, além do parceiro Nelson Jacobina, falecido neste ano. "Escolheram 14 canções. O que sobrar vai para os extras do DVD", adianta.

Não é o único trabalho fonográfico em que está envolvido. No próximo mês, realiza o show de lançamento de "Maracatu Atômico Kaosnavial", que apresenta o encontro do Profeta do Kaos com o movimento Canavial de Pernambuco.

Sempre antenado com as tradições culturais das mais diversas regiões do país (ele é autor de "Maracatu Atômico", regravada em 1996 pela banda de mague beat "Chico Sciense & Nação Zumbi"), Mautner é também um dos apresentadores da série "Onquotô", feita pela TV Brasil.

"Em 39 capítulos falaremos dos aspectos multiculturais do país. Muitos tentaram jogar água gelada nesse entusiasmo, mas a verdade é maior e hoje não dá para negar o nosso papel no mundo", destaca Mautner.

Ele também espera restaurar o único filme que dirigiu, "O Demiurgo" (1970), que traz imagens raras de Gil e Caetano no exílio, em Londres, uma parte delas exibidas no documentário.

"Eu tinha dado como perdido quando encontraram uma cópia na TV Cultura. Quero consertar o problema de sincronismo de imagem e som, já que o responsável pela captação do áudio tinha tomado ácido na época".


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