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Quando chegou às telonas, em 2002, a adaptação do livro “A Identidade Bourne”, de Michael Ludlum, trouxe um Matt Damon impassível, que conquistou espaço ao fugir dos estereótipos do filme de ação com uma trama envolvente, mas sem deixar de lado as cenas explosivas e a adrenalina pulsante, sob a direção de Doug Liman. O sucesso rendeu duas sequências (“Supremacia Bourne” e “Ultimato Bourne”, desta vez dirigidas por Paul Grengrass) que também não decepcionaram. A franquia de livros não acabou por aí e os produtores queriam explorar ainda mais o universo do agente. Eis que lançam “O Legado Bourne”, filme que se não é tão brilhante como os anteriores, crava sua qualidade ao dar autenticidade à série com as peculiaridades de Aaron Croos (Jeremy Renner, de “Os Vingadores”) como protagonista.
Cross é um agente especial resultado de experimentos científicos do misterioso Outcome, programa do Departamento de Defesa contrário ao Treadstone, da CIA, que treinou Jason Bourne. Passando por testes de resistência física e psicológica no Alaska, Aaron é surpreendido por um ataque dos federais, que decidem eliminar todos os seus recrutas. E ele escapa por pouco, em uma cena que não ficou bem explorada como poderia.
Precisando das drogas que o mantêm lúcido, o protagonista recorre à Dra. Marta Shearing (Rachel Weisz, a bela atriz de “O Jardineiro Fiel”), cientista que monitora os agentes do Outcome. É neste momento que a trama começa a ganhar sua identidade. A pesquisadora, que também está sob a mira de capangas, sai em uma fuga que parece sem fim, sempre ao lado do agente (lembrou algo dos filmes anteriores?). Começam as corridas desenfreadas, as cenas de lutas (impactantes, porém sem motivos em algumas cenas) e, como não deixaria de ser, os tiros para todo lado. Enfim, temos um filme de ação!
A virada na trama pode trazer certa confusão aos fãs da trilogia. Se antes eram as intrigas e mistérios que davam uma característica marcante ao universo de Jason Bourne, desta vez os embates e lutas cercados por tensão e adrenalina que ditam os rumos de Cross e Shearing, deixando de fundo os filmes anteriores. Apesar disso, “O Legado Bourne” se mostra um bom filme de ação, que não surpreende, se comparado aos anteriores, mas consegue levar uma trama envolvente aos expectadores, principalmente com a força do elenco que conta com Edward Norton (“O Ilusionista”), Oscar Isaac (“Drive”), Joan Allene (“Nixon”) e Albert Finney (“Erin Brockovich”), entre outros.
A conclusão é de que se você é fã do universo Bourne e não leu a quarta obra da série, não vá com a cabeça fechada. Jason e Aaron são personagens distintos em uma trama que envolve também conceitos diferentes. Se peca em uma narrativa com mais apreensão, característica marcante da trilogia, “O Legado Bourne” ganha em cenas recheadas de adrenalina. Se fosse um filme independente, sairia com um resultado positivo.