Academias lutam para formar novos ídolos no MMA

Wallace Graciano - Do Portal HD
19/06/2012 às 22:32.
Atualizado em 21/11/2021 às 22:57
 (Toninho Almada)

(Toninho Almada)

A história do esporte brasileiro é marcada por modalidades que causaram frenesi em uma população sedenta de referências. Enquanto o futebol reina absoluto no gosto popular e se confunde com a cultura nacional, basquete, vôlei, automobilismo e tênis duelaram por um espaço um pouco maior na mídia e no coração de crianças que procuravam heróis como espelho. Esse “boom” nos trouxe atletas geniais. Porém, com pouco estímulo e falta de um trabalho de base adequado, tais modalidades caíram no ostracismo e carecem de talentos para substituir aqueles que levaram o nome do país ao topo (exceção feita ao vôlei). Agora, lutadores cercados por uma grade tentam vencer seus adversários e o pré-conceito (na essência da palavra) de uma sociedade tradicionalista para revelar ainda mais atletas tupiniquins para a elite do MMA (artes marciais mistas, na sigla em inglês) mundial.

 

Como o país só foi estabelecer uma confederação em março deste ano, o MMA ainda carece de praticantes que tem seus ideais voltados exclusivamente para ele. Em sua maioria, o esporte é difundido em academias voltadas inicialmente para outras artes marciais que, com o tempo, encaixaram horários nos quais seus atletas podem aprender com praticantes de outras modalidades e assim ter um mix de habilidades no combate. Foi o caso de centros esportivos mineiros como a Full House e a Ely Kickboxing, que hoje preparam competidores para campeonatos especializados e para o MMA.

 

Essa é a filosofia adotada também pela Sapo Team. Com quatro filiais no estado (três em Belo Horizonte e uma em Ibirité) e até mesmo no exterior, com cinco na Irlanda, e cerca de 300 atletas defendendo o brasão, a academia, antes especializada em jiu-jítsu, tornou-se referência nos ensinamentos das artes marciais mistas em Minas Gerais. O motivo vem do nome. Seu fundador, Rafael “Sapo” Natal, é um dos três mineiros que representam o estado no UFC, a elite do MMA. Com quatro lutas no Ultimate (duas vitórias, um empate e uma derrota), o peso-médio tornou-se referência para seus alunos, que vislumbram um futuro igual ao dele e carregam o nome da academia com orgulho de como quem participa de uma família.

 

“Tenho a Sapo Team desde janeiro de 2005. Meus alunos sempre foram muito fiéis a mim, sempre acreditando que eu alcançaria meus objetivos. Tanto que sempre dei aula deixando claro que um dia teria de sair do Brasil. Quando chegou a hora eles entenderam e continuaram fiéis à nossa bandeira e me dão muita forca tanto na vitória, quanto na derrota. O legal é que sei que não posso fazer nada de errado, tenho que andar na linha porque sei que sou exemplo para eles e que estão de olho em mim”, avalia Sapo.

 

Como se prepara para as lutas no UFC nos Estados Unidos, Rafael deixou ao amigo Emerson Royce, de 26 anos, a preparação dos futuros atletas. Calmo, mas sem deixar de lado a cobrança, Royce leva aos seus atletas os ensinamentos de jiu-jítsu e boxe, lutas nas quais é especialista. Com a dura missão de formar competidores, mas também atletas com índole, o “sensei” não deixa de citar Sapo como referência e cobra conduta dentro e fora dos tatames.

 

“O jiu-jítsu sofreu muito com preconceito, principalmente pelo vale-tudo. Hoje já é diferente. A sociedade já observa que as lutas envolvem atletas preparados, que querem aprender a se defender e somente atacar em um combate. O jiu-jítsu possibilita um atleta mais fraco conseguir neutralizar o mais forte, tanto que aqui tenho mulheres e adolescentes. Por isso tentamos também levar que essas técnicas não devem ser utilizadas em vão. Queremos atletas, que eles sejam campeões no tatame. Mas queremos também pessoas equilibradas e do bem, por isso nossa filosofia é montar uma família, não somente uma equipe”, avalia.

 

Com a presença de Sapo na elite do MMA, a busca pelos ensinamentos das artes mistas se tornou inevitável. Royce não esconde o entusiasmo com o futuro da arte, seja para competição ou mesmo para fitness. “O jiu-jítsu sempre foi o foco da academia, pois com ele temos uma base para todas as outras artes marciais. Como professor de boxe, tento levar o MMA também aos atletas, pois hoje a procura é grande, seja para competir, se defender ou mesmo ter uma atividade física. Tenho mulheres, adolescentes buscando o esporte. Isso é gratificante”, avalia o professor, que chama os lutadores de MMA de superatletas, pois precisam ter conhecimento em diversas modalidades e um preparo físico invejável.

 

Royce não esconde que gostaria de ver Sapo no card do UFC 147, que será disputado neste sábado (23), no ginásio do Mineirinho, em Belo Horizonte. Mas se ele não poderá assistir o amigo ou mesmo os mineiros Rousimar “Toquinho” e Glover Teixeira lutando “em casa”, poderá conferir as finais do The Ultimate Fighter (TUF), nas categorias penas e médio, que compõem o card do evento. Ali estarão os próximos brasileiros que podem brilhar na elite do MMA e servirem de exemplo para Sapo, Royce e milhares de outros alunos que sonham em pisar no octógono do evento.

 

 

Confira o especial sobre o UFC BH

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