“1001 Músicas para Ouvir Antes de Morrer” esquece os mineiros

Cinthya Oliveira - Do Hoje em Dia
23/09/2012 às 10:43.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:31
 (Hoje em Dia)

(Hoje em Dia)

Foi só o livro “1001 Músicas para Ouvir Antes de Morrer” (Editora Sextante) chegar ao Brasil para gerar um barulhinho na imprensa daqui. Afinal, entre tantas músicas, apenas sete nacionais entraram na lista. Nenhuma delas de um artista mineiro.

Bairrismo à parte, incomoda ver o editor da publicação, Robert Dimery, incluir, na lista, “Let’s Make Love and Listen to Death From Above”, da banda paulista Cansei de Ser Sexy (CSS), e ignorar “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, ou “Travessia”, de Milton Nascimento – lembrando, aqui, dois nomes de Minas com repercussão garantida no cenário mundial.
 
O Hoje em Dia decidiu, então, perguntar a artistas mineiros que música feita em nosso Estado deveria entrar em uma lista de “1001 músicas que todo mundo precisa conhecer”.

Entre os entrevistados, as músicas de Milton Nascimento e da turma do Clube da Esquina foram bastante citadas. “Travessia”, a composição de Fernando Brant e Milton Nascimento que apresentou a música mineira ao mundo, é a mais comentada. “Até a Björk gravou essa música”, explica o músico João Antunes, para justificar seu voto.
 
Clube da esquina

De Milton Nascimento, foram citadas ainda “Ponta de Areia”, “Canção da América”, “Bailes da Vida” e “Para Lennon e McCartney”, esta última, indicada pelo músico Affonsinho. “Vai parecer clichê, mas essa música realmente mudou a MPB em termos de concepção, arranjo, timbres. Ninguém compunha ou tirava aquele som na época”, afirma Affonsinho.
 
A dupla Lô Borges e Milton Nascimento foi lembrada com a emblemática “Clube da Esquina 1”. Lô foi ainda apontado pelo guitarrista Leo Moraes, do Valsa Binária – que indicou “Um Girassol da Cor de Cabelo” – e pelo diretor de programação da Guarani FM, Kiko Ferreira. Para ele, “Trem Azul” é um marco na história da música brasileira.
 
“Além de ser um clássico do Clube da Esquina, ‘Trem Azul’ foi regravada pelo Tom Jobim e essa versão correu o mundo. O Tom ainda transcreveu o solo do Toninho Horta e incorporou à música, fazendo com que ela ficasse ainda mais significativa”, explica Ferreira.
 
Metal

Mas Minas se destaca por outros caminhos da música, além do Clube da Esquina. Roger Deff, do Julgamento, fez questão de lembrar do Sepultura. O músico indica “Ratamahatta”, do marcante álbum “Roots” – gravação com direito a parceria com Carlinhos Brown. “O sincretismo resultante do encontro entre as guitarras e os tambores reforçou a identidade ‘brazuca’ do som, que tem o seu maior mérito em conseguir juntar o rock pesado com as nossas raízes sonoras”, lembra Deff.
 
O samba de Ary Barroso foi muito bem lembrado pelo músico Flávio Henrique. “A música brasileira mais executada no mundo é de um mineiro, ‘Aquarela do Brasil”, diz. A música foi eleita pela Rede Globo, em 2001, a “melhor música brasileira do século XX”.

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