Aos 64 anos, Arnaldo Baptista é uma usina em plena atividade

Clarissa Carvalhaes - Do Hoje em Dia
16/09/2012 às 08:37.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:19
 (Beto Figueiroa/O Santo/Divulgação)

(Beto Figueiroa/O Santo/Divulgação)

OLINDA – À beira da piscina de um hotel em Olinda, Arnaldo Baptista sorri quando a música é o assunto em pauta. Aos 64 anos de idade, o ex-Mutantes reinventa-se diariamente no trabalho e na vida – segue a todo vapor com a carreira que, entre altos e baixos, continua a mantê-lo como um dos principais nomes do rock nacional.

Na sexta-feira (14), quando Belo Horizonte ganhou a sua "Noite Branca", a exemplo de Paris, Arnaldo foi uma das atrações – ele foi convidado a criar uma trilha sonora para o clássico curta "Viagem à Lua", de Georges Méliès.

Sobre sua vida, ele brinca que faz dois aniversários. "O primeiro, quando nasci, em 1948 e, depois, quando quase morri no hospital há uns 20 anos. E isso faz de mim uma criança porque tive que aprender a falar, fazer inflexão labial, todas essas coisas".

A todo vapor

Mesmo após a saída dos Mutantes, em 1973, Arnaldo seguiu produzindo trabalhos aplaudidos pelo séquito que o acompanha. "Vira e mexe tento encontrar uma forma de fazer a melhor música. Às vezes, estou há uma semana ou duas sem compor e, de repente, em um dia, faço duas músicas seguidas".

Na passagem pela capital mineira, o fã de artistas e grupos como Kiss, Yes, Ray Charles, Elton John e Bob Dylan confessa que inspirou-se mesmo no avô.

"Ele tocava piano ao vivo durante a exibição de filmes como os do Gordo e o Magro, os do Chaplin... E, de uma certa forma, isso me inspirou em BH. Naquele momento, me coloquei no lugar dele".

Uma semana antes, Arnaldo apresentara-se no Teatro Municipal de Recife, dentro do Festival Mimo. Na ocasião, foi prestigiado por um público eclético, inclusive no que diz respeito à faixa etária.

Dos cinquentões aos jovens, todos ficam atentos aos gestos de Arnaldo. "No piano, às vezes me deixo levar pelo improviso e aparece um lado meu Chopin. No outro dia, aparece um lado meu Oscar Peterson. E, outras vezes, misturo os espíritos e fica uma entidade esquisita", brinca.

Mutante

Das apresentações que faz Brasil afora, Arnaldo não nega ao público o prazer de ouvir canções dos Mutantes. "Dentro da minha formação como tecladista, existiram etapas que foram fundamentais no meu modo de tocar. Então, volto a tocá-las (as músicas destas etapas) porque foram importantes na minha carreira".

Apreço

E tão importante quanto o repertório são os instrumentos pelos quais tem verdadeiro apreço – como, por exemplo, sua guitarra Gibson, da qual não abre mão.

"Ah, mocinha, se ligar uma Fender em um amplificador, no mesmo volume, ela faz "pennn". Mas se ligo um Gibson, ela faz "pennnnnnnnnnn". Nossa! O som é muito mais quente e é disso que eu gosto", diz, ao risos, um jovem Arnaldo antes de se despedir.

Arnaldo, o sempre Mutante

Entre os trabalhos de destaque produzidos após a saída dos Mutantes, estão o álbum "Lóki?" (1974), "Singin’ Alone" (1981) – um dos discos precursores dos padrões estéticos do experimentalismo no rock no Brasil e "Let It Bed", produzido em 2004. Este último, foi considerado, pela revista especializada Mojo, como um dos dez melhores álbuns daquele ano.

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