Cinco anos após lançar seu primeiro disco, Renegado se prepara para alçar outros grandes voos

Altino Filho - Do Hoje em Dia
29/12/2012 às 08:30.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:08
 (Mário Canivello/Divulgação)

(Mário Canivello/Divulgação)

Flávio Renegado mora desde sempre no Alto Vera Cruz, região leste da capital. Ali entrou para a capoeira angola aos 11 anos. "Fiquei falando na cabeça da minha mãe o mês inteiro, dia e noite, até ela me colocar na capoeira", lembra o rapper. Parece que fez bem a ele. Em cinco anos de luta afro, o artista aprendeu não apenas os rabos de arraia e as meias-luas previstas mas – e principalmente – o sentido de cidadania, o papel do negro na sociedade brasileira, a importância de se enxergar como um agente transformador e o conceito de associação, cooperação e comunidade.

Rap e hip hop

"Quando eu fui para o rap, aos 16 anos, minha pegada já era essa. De alguém que poderia fazer a diferença, não só para mim, mas para a minha família e a minha comunidade" diz Flávio, que ganhou o codinome Renegado dos colegas de hip-hop. "Um dia, comentei que todo mundo tinha um apelido, menos eu. Foi o bastante para um amigo soltar: porque você é um renegado! Fiquei meio puto na hora, o que funcionou como uma senha. Aí o nome pegou instantaneamente". Renegar, segundo a Academia Brasileira de Letras, é renunciar à sua própria religião ou crença em nome de outra confissão religiosa; abjurar. Ou abandonar antigas ideias, opiniões e posicionamentos. Flávio Renegado é o ser ativo disso tudo. Afinal, também renunciou ao programado "fracasso" de sua vida (devido à crônica ausência do Estado em áreas fundamentais para o cidadão) e caiu na luta, no rap, no hip hop e, finalmente, nas graças do mainstream da MPB.

Discos

No final de 2008, lança o bem recebido "Do Oiapoque a Nova York". O primeiro disco traz uma interessante mistura de rap com vários outros ritmos, entre eles o caribenho, o que permitiu a Renegado um perfil próprio no heterodoxo mundo do rap e do hip hop denúncia.

Em 2011, veio "Minha Tribo é o Mundo". Nesse novo trabalho, o músico dialoga com batidas africanas, o hip hop norte-americano, música eletrônica, o samba e, novamente, ritmos latinos. O CD conta com participações do percussionista Marcos Suzano, do tecladista Donatinho e dos violonistas Thiago Delegado e Edu Krieger, entre outros.

No mundo

Flávio Renegado já esteve, nesses últimos três anos, em quatro eventos na Europa, tocou na Austrália e, em julho deste ano, se apresentou ao lado de Bebel Gilberto no Summer Stage, no Central Park. "Conheci a Bebel em Nova York e rolou a maior empatia. Logo a seguir, ela me convidou para participar da gravação do seu DVD que aconteceu agora (no último dia 5), na praia do Arpoador, no Rio". Em 18 de janeiro de 2013, ele retribui o convite: a filha de João Gilberto e Miúcha será a convidada do show que ele fará no Sesc Pinheiros, em São Paulo.

E o ano que entra, promete: existe um projeto em andamento com Fernanda Takai ("Ainda estamos vendo como pode ser") e o convite para o Rock in Rio 2013. Pelo jeito, Renegado continuará jogando nas onze, misturando ritmos e sonhos, projetos e desejos – como a da ONG Rebeldia que busca maior geração de emprego e renda para a Comunidade do Alto Vera Cruz.

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