Fãs celebram os 70 anos de nascimento do "síndico" Tim Maia

Jaqueline da Mata - Do Hoje em Dia
28/09/2012 às 10:57.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:39
 (Cau Gomez)

(Cau Gomez)

Afiado quando falava sobre qualquer assunto, inclusive sobre si, Tim Maia completaria, nesta sexta-feira (28), 70 anos. E BH entra no circuito dos festejos. O projeto SamBaCana Groove, por exemplo, promove uma festa que integra articulação em 14 cidades nos EUA, Inglaterra, Portugal, Suécia, Austrália, Holanda, Itália e França.

A iniciativa é do selo Luaka Bop, do ex-Talking Heads David Byrne, e marca o lançamento da coletânea "Nobody Can Live Forever – The Existencial Soul of Tim Maia". O projeto, que levou dez anos para ser viabilizado, dá atenção especial às canções gravadas por ele em inglês. A previsão é que o disco aporte nas lojas no dia 10 de outubro.

Sobre a festa desta noite, o idealizador do SamBaCana, Israel do Vale, lembra que o grupo Black Sonora foi convocado pelo fato de há dez anos realizar um tributo à fase da Cultura Racional. "Me lembro que, à época, o vinil 'Racional' era disputadíssimo e encontrado até por US$ 250", diz o jornalista. "Racional é, na minha opinião, um dos cinco melhores discos brasileiros", acrescenta.

Doutrina

Os fãs e a própria crítica concordam que este foi de fato um período fantástico de Tim Maia, uma vez que o artista entrou em contato com a doutrina Cultura Racional ("Universo em Desencanto"), liderada por Manuel Jacinto Coelho, lançando "Tim Maia Racional", volumes 1 e 2. Foi uma época em que o músico teria deixado as drogas de lado e, consequentemente, sua voz ficou mais potente.

Esta semana, a revista Veja trouxe imbróglio envolvendo Paulinho Guitarra, parceiro de Tim de 1970 a 1977, que quer notificar o selo nova-iorquino, uma vez que não teria liberado músicas presentes em "Nobody can live forever" ("O Caminho do Bem", "Cultura Racional" e "Ela Partiu") sobre as quais ele alega ter direitos, contrariando Carmelo Maia, filho de Tim, e seu afilhado.

Musical "Vale Tudo" chega no próximo mês a BH

Escolher um ator para interpretar Tim Maia não é, claro, uma tarefa fácil. Que o diga o diretor João Fonseca. Além do physique du rôle, ele se cercou de cuidados para encontrar não só um, mas dois atores que também tivessem uma capacidade vocal notável.

Ao montar o musical "Vale Tudo", para repassar a trajetória do síndico, a partir de biografia de Nelson Motta, a primeira indicação recaiu sobre Thiago Abravanel, hoje afastado da empreitada por conta das gravações de uma novela global.

Seu substituto, Danilo de Moura, confessa que fez aulas de canto para sair do seu habitual agudo para o tom grave. "Vale Tudo" chega no próximo dia 4 a Belo Horizonte, no Sesc Palladium, onde cumpre temporada até dia 7.

Cronológico

O espetáculo mostra a vida de Tim Maia dos 12 aos 55 anos. "Tem início com a apresentação em Niterói, no Teatro Municipal, que seria inclusive gravada. Mas ele passou mal e foi internado em seguida. Depois, segue a ordem natural da vida do cantor", diz Fonseca.

Ilustrada por clássicos de Tim, a narrativa se desdobra a partir da infância pobre, no bairro carioca da Tijuca, o contato com a música e as primeiras bandas que integrou, como Tijucanos do Ritmo, The Sputniks e The Snackes, quando conheceu Roberto Carlos, Jorge Benjor e Erasmo Carlos.

Trajetória

Conta também momentos importantes, como a ida de Tim aos EUA, em 1959, e a posterior deportação (devido à acusação de roubo e porte de drogas); a eclosão da Jovem Guarda e a gravação do primeiro disco; a primeira grande paixão, Janete, e as discussões explosivas travadas entre o Rio e Londres, o período em que aderiu à ideologia Racional Superior, a explosão popular, os filhos, a formação da banda Vitória Régia...

Espetáculo tenta captar essência do mito

É possível que Tiago Abravanel volte à cena. Não que Danilo não esteja arrebanhando fãs – Tim Maia fez parte da formação musical do artista. "É um prazer interpretar o cantor", diz. "Mas fiz um mês e meio de aula de canto para chegar o mais próximo possível de seu tom grave", ressalta.

Um palco de show é o cenário projetado por Nelo Marrese. A partir disso, há 14 trocas de cenário, por meio de adereços e elementos alegóricos. A infância é representada por um varal de roupas e objetos de praia, já a primeira banda, por semáforos e uma lambreta. Na fase "racional", o palco fica todo branco e, ao final, o cenário se transforma numa discoteca, com um telão de led.

"Tim Maia tinha uma capacidade de comunicação muito grande. Nunca fui a um show dele, mas fico feliz e honrado em poder dirigir um espetáculo sobre a história de sua vida", afirma Fonseca.

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