Renovado. É assim que a 11ª edição do "Tudo é Jazz", que acontece desta sexta (14) a domingo (16), em Ouro Preto, se apresenta. E caberá aos jovens artistas convocados darem cara ao festival.

Além de contar com a presença do veterano João Bosco – que divide o palco com a filha Julia, o "Tudo é Jazz" conseguiu garantir neste ano a presença de um dos nomes que vêm despertado atenção de público e crítica na Europa: a jovem catalã Andrea Motis, de apenas 16 anos.

Mas antes de apresentar a garota, façamos às honras aos donos da casa: pela segunda vez, a cantora e compositora Julia Bosco (que lançou no começo do ano seu primeiro petardo, batizado "Tempo") sobe ao palco ao lado do pai, o mineiro (de Ponte Nova) João Bosco, que celebra seus 40 anos de carreira, iniciada quando era estudante em... Ouro Preto.

Gostinho de estreia

A carioca não esconde a ansiedade. "É uma expectativa muito grande, fico realmente emocionada. Melhor ainda é que me conhecendo bem do jeito que me conhece, ele soube escolher o melhor repertório", derrete-se.

No repertório do duo, além das músicas de "Tempo", o público poderá conferir clássicos da MPB, como "Por causa de Você", de Dolores Duran e Tom Jobim.

Em entrevista por telefone, João Bosco garante que sempre soube que um dia a "filha sairia do armário" e colocaria em prática a veia artística.

"Foram oito anos em que ela trabalhou com a indústria petrolífera, mas só depois decidiu assumir de vez a carreira artística", comemora.

Revelação

Quem também vibra é a curadora do "Tudo é Jazz", Maria Alice Martins, que aponta João Bosco como "um dos maiores instrumentistas brasileiros vivo".

À ela sobram outros bons motivos (e nomes) para comemorar, como a presença de Andrea Motis, uma das revelações do jazz mundial. A jovem, que já desembarcou em BH devidamente acompanhada dos pais, irmã, e do professor e padrinho musical Joan Chamorro, enumera a praia, o carnaval e a música (nesta ordem) na lista do que quer conhecer no Brasil.

De short e camiseta, a garota recebeu a reportagem do Hoje em Dia antes de fazer a passagem de som do show que apresentou apenas para convidados na última quarta-feira (12), na sala Juvenal Dias do Palácio das Artes.

O fôlego juvenil associa-se à competência de uma afinadíssima banda que a acompanha. "Ei, o show não é só dela não. Vejam-nos tocar e façam perguntas para nós. Somos todos uma banda", diz Chamorro, que há 30 anos toca contrabaixo, sax, clarineta...

Se hoje Andrea recebe todas as atenções, vale ressalvar que não há gratuidade nisso. Afinal, aos 7 anos ela aprendeu tocar trompete. Aos 11, saxofone. "Mas não há perfeição nisso. É preciso trabalhar diariamente", pontua.

Outros nomes da nova safra de músicos passarão pelo festival: Cida Moreira e Thiago Pethit, a judia Anat Cohen, a dupla de saxofonistas Jesse Scheinin e Eddie Barbash.

11ª edição promete novo fôlego ao festival

A aposta na 11ª edição do "Tudo é Jazz" é para apagar a má impressão deixada pelo festival em 2011, uma vez que ele foi adiado três vezes e deixou muita gente, que já tinha reservado hotel, indignada.

À época, foi preciso até mesmo um abaixo-assinado pedindo socorro aos governos Federal e Estadual para a realização do programa. Maria Alice, produtora do evento, chegou a escrever uma carta alegando que, apesar de o Ministério do Turismo ter prometido repasse de verba, o montante acabou não sendo liberado. "Mas uma das maiores dificuldades foi negociar com patrocinadores e conseguir datas na agenda do Centro de Convenções", lembra.

O transtorno acabou quebrando uma das premissas do festival de trazer uma atração internacional, promovendo intercâmbio com músicos brasileiros. "Mas como Chico Buarque canta: um marinheiro me contou, que vem aí bom tempo", brinca.

Confira a programação completa no site http://www.tudoejazz.com.br/.

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