Smashing Pumpkins retoma sua melhor sonoridade em novo álbum

Cinthya Oliveira - Do Hoje em Dia
20/08/2012 às 11:23.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:35
 (Divulgação)

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No final de 2009, Billy Corgan anunciou uma ideia que parecia revolucionária. Iria lançar um álbum conceitual de 44 músicas, que seriam disponibilizadas, uma a uma, no site oficial do The Smashing Pumpkins. Depois, elas seriam reunidas numa série de EPs chamada de "Teargarden por Kaleidyscope".

Mas, mesmo em tempos de revolução cibernética, é difícil sair do tradicional. O público não paga mais por discos como antes, embora continue ligado à ideia de "álbum" – aquela reunião de músicas que não ultrapassa o número de 20 faixas.
Parece que a tão comentada iniciativa não aconteceu da maneira esperada por Corgan. Em junho passado, foi lançado nos Estados Unidos (e agora chega ao Brasil) o disco "Oceania" (EMI Music), com as 13 primeiras faixas do projeto "Teargarden por Kaleidyscope".

É um "álbum dentro do álbum", garante Corgan, no site da banda. Mas a verdade é que os Pumpkins tiveram que se render às velhas regras do mercado.

Como antes

A boa notícia é que a banda voltou a produzir com a mesma qualidade de sua fase áurea dos anos 1990 – muito ofuscada pelo movimento grunge, é importante reconhecer. Assim, vale a pena esquecer o chato "Zeitgeist" de 2007, e observar porque Billy Corgan permanece como um dos mais criativos roqueiros dos EUA.

"Oceania" não tem uma música explosiva como "Bullet with Butterfly Wings", nem algo tão hipnótico quanto "Tonight, Tonight" – ou seja, ainda está abaixo do clássico "Mellon Collie and the Infinite Sadness", de 1995.

Mas pode-se afirmar que o novo disco tem toda a sofisticação de harmonias e letras que Corgan e seus pupilos podem oferecer. Os versos permanecem soturnos e reflexivos e dialogam muito bem com os arranjos complexos que fizeram com que o grupo se diferenciasse de todos seus principais contemporâneos.

No decorrer das 13 faixas, são raros os momentos de simples acordes. Até mesmo nos trechos mais calmos (como na balada "Violet Rays"), os arranjos são sofisticados. Fica, inclusive, a dúvida se o quarteto vai conseguir executar essas músicas ao vivo com a mesma qualidade de há duas décadas.

"Quebra" rítmica

A faixa-título é um dos pontos mais altos do álbum, com um perfeito diálogo entre baixo e bateria e uma desconcertante quebra rítmica, por meio de um violão.

A candidata a hit "Glissandra" e a divertida "The Chimera" também são destaques e entram para a lista de melhores composições dos Pumpkins.

Por seu teclado oitentista, "One Diamond, One Heart" pode ser considerada a mais destoante do repertório. Já as repetitivas "Pale Horse" e "Wildflower" podem irritar, especialmente quem não gosta da vox excêntrica do vocalista.

Mesmo que não consigam deixar as amarras do mercado, os Smashing Pumpkins continuam excêntricos musicalmente. Sorte a nossa.

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