Titãs revivem "Cabeça Dinossauro" em show no Mix Garden

Cinthya Oliveira - Do Hoje em Dia
03/08/2012 às 10:22.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:06
 (Marcello Tinoco/Divulgação)

(Marcello Tinoco/Divulgação)

"Cabeça Dinossauro" é apontado por muitos como o disco mais importante do rock nacional na década de 1980. Foi o momento em que uma música ácida e fortemente influenciada pelo punk britânico arrombou as portas do mercado fonográfico e tomou conta das rádios. Estavam ali críticas a todos os níveis da sociedade. Das 13 músicas, pelo menos cinco se tornaram eternos hits – "Polícia", "Bichos Escrotos", "Família", "Homem Primata" e a faixa-título. Quem gosta do álbum terá a oportunidade de ver os Titãs executando-o na íntegra no show que a banda realiza nesta sexta-feira (3) no Mix Garden.

Essa turnê que relembra o clássico disco vem divulgar o seu relançamento, pela Warner. A edição comemorativa traz dois CDs, um com o trabalho original masterizado e outro com as demos experimentadas antes de Liminha assumir a produção do álbum e dar-lhe um ótimo acabamento. A única novidade é a música "Vai pra Rua", que não será executada esta noite.

Questionado sobre a importância do disco para a história da música nacional, o titã Sérgio Britto afirma ser complicado falar de si mesmo. Mas consegue reconhecer o quanto "Cabeça" foi revolucionário em 1986. "É uma música muito agressiva e contundente e isso faz dele um trabalho especial. Também foi muito bem produzido e lançado na época certa. Foi um disco que nos colocou num outro patamar, com pelo menos cinco músicas que fizeram muito sucesso e tocaram bastante no rádio", diz o músico.

Claro que o show desta sexta não terá o mesmo sabor de nostalgia, já que a banda conta com a metade dos integrantes originais – permanecem, além de Britto, Paulo Miklos, Branco Mello e Tony Bellotto. Mas o vocalista e tecladista garante que a empolgação dos Titãs no palco é a mesma daquela mostrada na juventude. "Fora a idade, que mudou, a maneira com que a banda funciona ainda é muito parecida. Buscamos sempre o consenso, após uma discussão exaustiva sobre cada passo a ser dado. Prezamos a coletividade e fazemos shows com a mesma garra de antes".

Segundo Britto, a turnê comemorativa tem atraído pessoas com mais de 40 anos, que curtiram o conteúdo do disco na época em que foi lançado, mas também muitas jovens, que descobriram as músicas pela internet e coletâneas. "O disco não envelheceu, tem um certo frescor. Tem a energia da juventude, mas não é juvenil. Pode ser curtido por quem tem 50 anos, como a gente, ou pelos mais novos".
 
A apresentação será dividida em dois momentos: no primeiro, todas as músicas de "Cabeça de Dinossauro" na mesma ordem do álbum (iniciando por "AAUU" e terminando com a genial "O Que"); no segundo, sucessos de todos 30 anos de banda, como "Diversão", "Flores", "Aluga-se", "O Pulso" e "Será que É Disso que Eu Necessito?". O set list de 26 canções acontecerá em cerca de duas horas de show.

Mercado fonográfico aposta em reedições bem caprichadas

A edição comemorativa de "Cabeça Dinossauro" é mais um exemplo de um rumo que tem sido tomado pela indústria fonográfica. Com um acervo inimaginá-vel de discos presente na internet (e compartilhado freneticamente por usuários), o jeito é colocar no mercado objetos diferenciados.

Outros álbuns históricos estão sendo relançados ou voltando à pauta. No Brasil, este ano, muito se falou sobre os 40 anos de "Acabou Chorare", célebre trabalho dos Novos Baianos, que inspirou shows de Moraes Moreira, um dos integrantes daquela banda. Foi relançado em vinil ano passado.

Para falar dos 70 anos de Caetano Veloso (que serão comemorados no próximo dia 7), chegou ao mercado uma edição comemorativa do emblemático disco "Transa", de 1972. O álbum foi remasterizado por Steve Rooke (engenheiro de som responsável pela renovação sonora do catálogo dos Beatles e da carreira solo do Fab Four). Além disso, segue o design original (uma capa "montável", formando um "disco-objeto").

Vários títulos têm chegado às lojas graças à Coleção Cultura, que passa pela curadoria do ex-titã Charles Gavin. Até o momento, a iniciativa já colocou no mercado discos antigos e importantes de Tom Zé, Walter Franco, Zé Ramalho, Karma, Edison Machado, entre outros.
Até os Rolling Stones entraram na onda das edições comemorativas. Colocaram no mercado uma versão diferente de seu clássico "Some Girls", de 1978 – aquele que tinha como carros-chefes "Miss You", "Shattered", "Beast of Burden" e "Far Away Eyes".

Além das músicas originais (masterizadas, é claro), a reedição acrescenta 12 faixas ótimas e inéditas ao álbum original. O CD bônus foi gravado ano passado pelo grupo e as músicas são tão boas quanto aquelas produzidas em 1978.


Show de Titãs no Mix Garden (rua Projetada, número 65, Jardim Canadá, Nova Lima). Nesta sexta-feira (3), às 22 horas. Masculino: R$ 180. Feminino: R$ 140.

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