Campanha política é igual a entrevista de emprego

Ricardo Rodrigues - Do Hoje em Dia
15/07/2012 às 08:00.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:34

Mais do que gastar sola de sapato em busca do voto, o candidato deve descobrir o que o eleitor deseja ouvir dele. O conselho é do publicitário Paulo Vasconcelos do Rosário Neto, de 52 anos. Diretor da agência VitóriaCI, ele não se esquece da primeira campanha política que fez, em 1986, para Itamar Franco, que disputou (e perdeu) o governo do Estado. “Depois disso, nunca mais parei”. Trabalhou para Fernando Collor, Hélio Garcia e Eduardo Azeredo. Em 2002 fez as campanhas vitoriosas de Jorge Viana no Acre, e de Aécio Neves em Minas. Coordenou o marketing pela reeleição do tucano e, em 2010, emplacou Anastasia no governo de Minas e Aécio no Senado. “Em Belo Horizonte, nem moro mais. Só virei aqui para votar. Vivo comendo pequi no Norte de Minas”, brinca.


Marketing transforma político ruim em objeto de desejo do eleitor?

A propaganda tanto potencializa as virtudes quanto os defeitos do candidato. Considero um erro ‘maquear’ o candidato. Fica falso. O foco é preparar o candidato, dar a ele mais subsídios e informações para o discurso político que ele já tenha. O ideal é modular o discurso com as expectativas da sociedade, dando ênfase ao que a sociedade espera do candidato.

Como um candidato se apresenta ao eleitor?

Como se fosse a uma entrevista para emprego, longa, mas é para emprego. O candidato precisa conhecer a cidade, entender dos desafios da administração pública, ir além do que o eleitor espera dele. O melhor currículo mais chance terá. No caso do político, o seu currículo são serviços prestados.

Campanha eleitoral tem fórmula mágica?

A maior falha é desprezar a regra básica de uma boa campanha: 70% de informação de qualidade e de 30% de propaganda. Se a propaganda chega a 35%, começa a beirar a pirotecnia.

Qual seria o maior erro de um candidato?

É não se preparar para a campanha e desprezar as ferramentas modernas da comunicação no contato com os eleitores. Não saber exercer a sintonia com as pessoas. Não é o que você fala, é o que as pessoas entendem. Senão, você não está comunicando, está só falando.

O marketing determina o sucesso eleitoral?

É possível ganhar a eleição sem marketing, mas é muito mais fácil ganhá-la com um bom marketing político, pois com ele aumentam as chances de o candidato ser eleito. Uma campanha se ganha com planejamento, muito mais do que com criação.

TV engata o carro da conversa com o eleitor?

O mundo da TV é a campanha moderna, que oferece visibilidade e velocidade. O mundo sem TV é aquele à moda antiga, da política feita com pouca luz ao candidato. Para as duas ocasiões é muito importante encontrar o discurso certo; analisar o que as pessoas percebem e compreendem do candidato e do seu adversário. Campanha na TV se ganha nos primeiros 15 dias.

Vale tudo na internet?

Rede social é como teatrinho em cima do caminhão, pra falar mal do adversário. Ganha-se eleição assim? Pode o vale-tudo? Pra mim, não.

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