Deficiente visual diz que foi impedido de votar com cão-guia

Folhapress
10/10/2012 às 19:10.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:59

SÃO PAULO - O radialista Beto Pereira, deficiente visual, afirmou que demorou mais de duas horas para votar no último domingo (7) porque um fiscal o impediu de entrar na seção eleitoral com seu cão-guia, em Jundiaí (interior de São Paulo).

O fiscal, segundo Pereira, disse que a entrada de animais era proibida e que o cachorro Simon poderia assustar as pessoas que votavam na escola.

O radialista de 37 anos disse que tentou explicar que uma lei federal permite o acesso de cães-guia a locais públicos de uso coletivo. "Não adiantou, ele gerou um tumulto na entrada, e depois minha mãe falou: 'Beto, você está falando sozinho, porque ele virou as costas e foi embora'", relata.

Pereira disse que só conseguiu votar depois de registrar boletim de ocorrência em uma delegacia. Ele planeja acionar o Ministério Público e responsabilizar o Estado. "Tive meus direitos cerceados. Era obrigação do Estado capacitar seus servidores ou voluntários", disse ele.

Segundo o delegado Sidney Juarez Alonso, o fiscal responderá no Juizado Especial Criminal por suspeita de "impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio". A pena para o crime é de até seis meses de prisão, mas pode ser substituída por prestação de serviços, por exemplo.

João Baptista Nalini, chefe de cartório da zona eleitoral onde o local está vinculado, disse que a Justiça Eleitoral não pode punir o fiscal, mas que ele pode ser afastado na eleição do segundo turno.

De acordo com Nalini, apenas pessoas que desempenham cargos de direção fizeram cursos de treinamento antes das eleições. Essas pessoas eram responsáveis por repassar orientações de como atender os votantes, diz.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por