Semana tensa na Grécia com votação e protestos

AFP
11/11/2012 às 14:10.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:06
 ( AFP PHOTO / PANAYIOTIS TZAMAROS)

( AFP PHOTO / PANAYIOTIS TZAMAROS)

BRUXELAS - A Europa viverá uma semana turbulenta que começará neste domingo (11) com a votação do orçamento 2013 na Grécia, centro dos debates da reunião do Eurogrupo na segunda-feira (12)  em Bruxelas e que será selada com grandes protestos e greves convocadas em vários países do continente.

O governo grego submeterá seu orçamento de 2013 à aprovação do Parlamento. Tudo indica que este será aprovado após um "esforço extraordinário" das autoridades gregas, conforme considerou uma fonte europeia.

O resultado desta votação será avaliado na reunião dos 17 ministros de Finanças da Eurozona de segunda-feira (12). Contudo, além do que será ratificado, o Eurogrupo "não prevê um acordo" com a Grécia para o desbloqueio de 31,2 bilhões de euros, um lote do segundo pacote de ajuda acordado pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os principais credores da Grécia (a UE, o BCE e o FMI) resistem a seguir entregando mais fundos ante os temores de que o país não consiga reduzir a carga de sua dívida.

A sustentabilidade da dívida grega (120% de seu PIB em 2020) é a condição imposta pelo FMI para seguir no programa de resgate grego.

O primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, advertiu que seu país necessita do dinheiro antes de 16 de novembro, data de um vencimento da dívida a curto prazo de 4,1 bilhões de euros com o Banco Central Europeu (BCE).

Sob a pressão mais uma vez de uma eventual saída da Grécia da Eurozona, os países europeus se comprometeram a evitar que a Grécia declare default. "A Europa não permitirá, nem de forma acidental, nem de forma premeditada, que a Grécia entre em default", afirmou na sexta-feira uma fonte europeia próxima às negociações, uma semana antes de o país enfrentar um importante vencimento de sua dívida.

De acordo com a mesma fonte, no entanto, "não deve haver acordo durante a reunião do Eurogrupo de segunda-feira com a Grécia para o desbloqueio de 31,2 bilhões de euros" - um lote de ajuda acordado pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), pendentes desde junho, disse o funcionário, que pediu anonimato.

Após a aprovação na última quarta-feira de 18,1 bilhões de euros em ajustes até 2016 e ante a provável ratificação neste domingo do orçamento estatal para 2013, a Grécia acreditava que iria receber o dinheiro de imediato. Contudo, UE e FMI acharam os ajustes insuficientes.

Devido à demora de seus sócios em tomar uma decisão, a Grécia anunciou que emitirá novas letras, com vencimento de um a três meses. Um bom resultado das emissões poderá salvar o país de um default iminente, caso não obtenha a ajuda de seus sócios a tempo.

De acordo com a mesma fonte europeia, discute-se nesse momento a "sustentabilidade da dívida grega" e por isso as negociações estão paralisadas.

"O relatório da troika de credores institucionais (FMI, BCE e UE) sobre a sustentabilidade da dívida ainda não está pronto", afirmou. "Uma vez que haja um acordo de que houve evolução da relação dívida/PIB de modo a torná-la sustentável, poderemos dizer que estamos prontos para desembolsar a ajuda", completou.

Com isso, deve haver uma segunda rodada de negociações depois de 12 de novembro, afirmou a fonte, mas sem precisar uma data. De qualquer fora, ele afirmou que os ministros europeus têm completa noção das datas dos vencimentos dos títulos da Grécia.

O FMI espera que a Grécia tenha condições de reduzir sua dívida a 120% de seu PIB em 2020.

Apesar do arsenal de medidas que buscava oficialmente sanear as contas da Grécia, a CE publicou na quarta-feira previsões preocupantes sobre a evolução da dívida pública de Atenas.

Segundo os prognósticos, esta chegará a 188,4% do PIB em 2013, e em 2014 a 188,9%, com o qual o objetivo do FMI de reduzi-la a 120% em 2020 se tornaria praticamente um sonho.

O porta-voz comunitário, Simon O'Connor, disse esperar que a "troika" formada por CE, BCE e FMI conclua seus trabalhos "nos próximos dias".

Contudo, o membro mais poderoso do fórum de ministros de Finanças da Eurozona, o alemão Wolfgang Schauble, disse nesta quinta-feira que não espera um acordo sobre uma nova ajuda internacional à Grécia antes de várias semanas. "Mas os gregos querem seguir na Europa", afirmou Schauble durante uma conferência em Hamburgo (norte da Alemanha).



 

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