Mulheres de aço: mãe luta contra câncer para viver junto do filho

Milson Veloso - Hoje em Dia
10/05/2013 às 10:30.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:34

"Mãe não tem limite, é tempo sem hora..." disse certa vez o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade. Essa relação de afeto é algo que instiga não só na literatura. Na vida real, há quem diga que a maternidade concede uma força especial ao sexo feminino, capaz de ajudar a superar até mesmo doenças.

É nos filhos que algumas mães buscam inspiração para vencer tumores na mama e continuar vivendo. Esse câncer, que matou 12.705 mulheres em 2010 no Brasil, é o tipo mais comum da doença entre o público, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Um exemplo dessa luta é a radiologista mineira Luciana Rosa, 34 anos, mãe do garoto Brendo Henrique, 10. Desde o começo de 2012, quando apareceu um nódulo no seio direito, ela passou a enfrentar uma sequência de desafios.

Diagnóstico

Em julho, Luciana fez os primeiros exames e, no mês seguinte, foi diagnosticada com câncer. "A primeira pessoa para quem eu liguei foi meu filho. Não conseguia parar de chorar. Ele, preocupado comigo, queria saber o que estava acontecendo. Eu segurei as lágrimas e tentei mostrar que estava tudo bem", explica.

Após a descoberta, no dia 14 do mesmo mês - na semana do aniversário - a mulher começou um tratamento, que incluiu uma série de cinco sessões de quimioterapia.

Assim como acontece com outros pacientes, ela perdeu o cabelo, um processo doloroso, mas que foi encarado com bom humor. "Foi o Brendo quem raspou a minha cabeça. De início, ele ficou assustado, mas depois a gente tirava fotos e sorria com a situação".

Confira no vídeo abaixo mais detalhes sobre a luta da mãe contra o câncer de mama:
 



Superação

Para dar suporte à filha, a mãe de Luciana entrou na onda e se antecipou, também raspando os cabelos. "Quando ela tirou a peruca e eu vi aquilo, levei um susto", revela.

Como se não bastassem as consequências do câncer, durante o tratamento, o marido de Luciana acabou pedindo a separação. "Ele disse, por telefone, que não tinha nada a ver com a minha doença". Apesar disso, o apoio de pessoas próximas e a vontade de vencer foram mais fortes, ajudando na superação dos problemas. "Eu queria continuar vivendo para passar mais 30, 50 anos ao lado do meu filho", explica.

Dois tumores

Da mesma forma como Luciana, a telefonista desempregada Telma Gomes, 47 anos, também passou por um susto desses. Na verdade, por dois. Quando ainda tinha 27 anos, ela teve um tumor em um dos seios. Na época, a paciente fez uma cirurgia e retirou o nódulo.

Mãe de dois filhos - Ricardo Crivellari, 13 anos, e Robert Crivellari, de 8 - Telma foi diagnosticada em 2013 novamente com outro tumor. Desta vez, porém, ela precisará fazer a operação com urgência, antes de verificar se é um câncer, no dia 16 de maio. O material apareceu na região onde já havia acontecido o primeiro caso.

A paciente não nega a preocupação com o problema. "Isso mexe com a cabeça da gente. Ninguém quer morrer, né!? Mas seja o que Deus quiser", diz. Ela completa que a família toda está unida e espera se recuperar bem do procedimento médico.

Acompanhamento profissional

"O destino conduz o que consente e arrasta o que resiste". Citando o filósofo Lúcio Aneu Séneca, a psicóloga especialista em psico-oncologia, Adriane do Carmo Pedrosa, explica que o impacto do câncer de mama vai muito além das alterações provocadas no corpo.

"A mama tem um sentido simbólico para as mulheres, principalmente em relação à maternidade. Com a cirurgia, a imagem da mulher fica comprometida. Outra questão é a queda do cabelo, que pode interferir na autoestima. Elas se sentem atacadas, diminuídas", revela, ao afirmar ser necessário um acompanhamento profissional em alguns casos.

A especialista indica que a paciente pode ficar retraída e com certa insegurança. Por isso, o apoio familiar é muito importante. "Os filhos podem funcionar como uma mola propulsora para que ela se sinta estimulada a ficar bem e dar conta de realizar o projeto de vida familiar", acrescenta.

De acordo com a psicóloga, uma das questões principais para superar essa situação é trabalhar os medos, receios e ansiedade em relação ao tratamento, para que a pessoa tenha condições de enfrentar a doença. "É preciso haver uma reação de postura ativa dessas mulheres", defende a profissional.

A doença

O câncer de mama representa 22% dos novos casos da doença que surgem no mundo por ano. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a estimativa é de que pelo menos 450 mil mulheres morreram em 2010 com o problema.

Como medida de prevenção, 150 minutos de exercícios físicos por semana já seriam suficientes para reduzir em 25% a incidência desse tipo de câncer, segundo recomendação da OMS. Hoje, a taxa de sobrevida das pacientes, cinco anos após a incidência, é de aproximadamente 60%.

Apesar de ajudar, as medidas devem ser associadas a exames constantes. "Mesmo que reduzam em certa medida o risco, as estratégias de prevenção não podem eliminar a maioria dos casos nos países em desenvolvimento, onde o diagnóstico acontece em fases muito avançadas", destaca um relatório da OMS.

Confira no infográfico mais detalhes sobre a doença:

 

 

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