Neymar carrega nas costas a 10 e o sonho do hexacampeonato

Felipe Torres - Hoje em Dia
02/06/2014 às 07:52.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:50
 (Vanderlei Almeira)

(Vanderlei Almeira)

TERESÓPOLIS – A magia do futebol se embebe, na maioria das vezes, do imprevisível e das coincidências. Um franzino garoto de 17 anos recebeu, aleatoriamente, de Lorenzo Villizio, membro do Comitê Organizador da Copa de 1958, o número 10 da Seleção. O menino Edson Arantes do Nascimento, apelidado de Pelé, viria a assombrar a Suécia e todo o planeta bola com um futebol moleque e eficiente.

O primeiro título mundial do Brasil coroaria a revelação mineira de Três Corações. Depois que Bellini ergueu a taça, no lendário Estádio Rasunda, a tal da camisa 10 acabou envolvida por uma mística especial. Ela não era mais apenas uma simples composição do jogo de uniformes. Seria sempre reservada ao craque, ao grande nome da companhia.

Há exato um ano, a cobiçada peça canarinho ganhou um novo dono. Em 2 de junho de 2013, no empate (2 a 2) diante da Inglaterra, às vésperas da Copa das Confederações, no Maracanã, Neymar, o maior ídolo da atual geração da Seleção, abandonava o tradicional 11, dos tempos de Santos e Barcelona.

A escolha não foi um mero acaso. O craque carrega a responsabilidade do sonho do hexacampeonato mundial em casa. Mas nada que o assuste. O próprio moicano pediu ao técnico Luiz Felipe Scolari para continuar a “dinastia” de Pelé.

200 milhões

Neymar, aos 22 anos, será o mais jovem a trajar a camisa 10 numa Copa, desde Pelé, em 1958 (17) e 1962 (21). Mesmo assim, o ex-menino da Vila garante que o peso sobre seus ombros se transformará em motivação daqui a dez dias, quando o Brasil estreia contra a Croácia, em São Paulo. Duzentos milhões de torcedores não tirarão os olhos de cima do atacante.

“Pressão faz parte do futebol, sabia que ia passar por isso quando escolhi jogar bola. Mas se trata de um sonho que vem desde criança, poder jogar uma Copa no seu país. Por isso, não me afeta tanto”, avisa o craque do Barça.

Pelo que se viu durante as Copa das Confederações, Neymar convive bem com a palavra pressão. O atacante balançou as redes quatro vezes na competição internacional e, de quebra, abocanhou o prêmio de melhor atleta da disputa. No entanto, a sua primeira temporada no Barcelona não foi como o esperado. O ídolo canarinho sofreu duas lesões e ainda esteve envolvido numa polêmica quanto à sua negociação com o Santos, que acarretou na renúncia do presidente grená, Sandro Rosell.

Curiosidade acompanha o craque

A expressão “pátria de chuteiras” sempre volta à tona perto de a bola rolar numa Copa. Em 2014, não seria diferente. Se tem alguém que “carregará” mesmo o país nos pés, esse jogador é Neymar. O astro do Barcelona reúne as atenções nos preparativos da Seleção na Granja Comary, em Teresópolis (RJ).

E uma curiosidade acompanha o craque brasileiro na caminhada rumo ao hexa, em casa. Pela quarta vez, nos últimos cinco Mundiais, o camisa 10 do Brasil será um representante do time catalão. O único “intruso” foi Kaká, em 2010, na África do Sul. O ex-são-paulino defendia o Real Madrid.

A diferença é que Neymar não é armador, como Rivaldo (1998 e 2002) e Ronaldinho Gaúcho (2006). Aliás, de todos os lendários 10 desde Pelé, que deu novo significado ao número em 1958, Neymar será o primeiro atacante a vestir a cobiçada peça. Nos outros, ela havia ficado com um meia.

Astro

Os gritos de “olê, olá, Neymar” ecoam todos os dias, assim que a Seleção desce da concentração para o campo principal. Estudantes de escolas próximas se reúnem nas grades da Granja Comary em busca de um simples aceno. Porém o craque está sempre bem longe. Talvez escute alguma coisa no intervalo das atividades, comandadas pela dupla Felipão e Murtosa.

Impressiona o quanto o ex-santista se tornou a referência da turma canarinho. Esbanjando sorrisos, Neymar chega à Copa com três quilos a mais, de 64 para 67. O Barça se empenhou em fortalecê-lo fisicamente, durante a temporada europeia.

Outra boa notícia é que o ídolo não sente mais a lesão no tornozelo direito, apesar de o lugar ainda ter certo inchaço. “Ele ganhou na parte física, mas também experiência jogando pelo Barcelona. Isso nos deixa seguros de estar ainda melhor para esta Copa. Tenho confiança de que pode vir a ser o atleta que despontará na competição”, crava o preparador físico da Seleção, Paulo Paixão.

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