Repórter da CNN é ferida por bala de borracha durante protesto em São Paulo

Agência Estado
12/06/2014 às 11:52.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:58
 (Laurent Thomet/AFP)

(Laurent Thomet/AFP)

Três manifestantes foram detidos e cinco ficaram feridos após confronto nas proximidades da Estação Carrão do Metrô. Além deles, uma repórter da CNN foi ferida por uma bala de borracha e foi levada para um hospital. "É sempre assim aqui?", perguntou o jornalista espanhol da Reuters Nacho Doce. Mesmo com mais de três décadas de experiência em coberturas internacionais, Doce ficou surpreso e assustado com o que presenciou. "A PM começou muito rápido o tumulto."

Assista ao vídeo:

A primeira bomba explodiu às 10h14, quando 30 manifestantes do Diretório de Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) gritavam em solidariedade aos metroviários, chamando o governador Geraldo Alckmin (PSDB) de fascista. Sobrou também para a presidente Dilma Rousseff (PT). "Fora, Alckmin, leva a Dilma com você." A Tropa de Choque ocupava todas as ruas das imediações da Estação Carrão desde às 8h30.

Alguns policiais diziam que "não ia ter manifestação". Eles estenderam o seu dispositivo pelas ruas do bairro e ficaram a postos à espera dos manifestantes. Havia 150 policiais com escudos, cassetetes, espingardas, bombas, 20 carros e um helicóptero, apoiando a tropa no chão. Eles contavam ainda com seis bloqueios em ruas contíguas. Em todas as entradas e saídas do Metrô e dentro da estação, outros PMs do Comando de Policiamento da Copa (CPCopa) faziam revistas em jovens, abriam mochilas dos que desembarcavam na estação. A presença ostensiva da polícia surpreendeu os estudantes que chegaram ao lugar por volta das 9h50.

Um grupo desembarcou de um ônibus de Campinas com uma banda e megafone. O bater dos bumbos dos estudantes não durou quinze minutos. Foi interrompido pelas bombas de gás e de efeito moral disparadas pela Tropa de Choque quando se aproximou do cordão de isolamento feito pelos policiais para impedir a chegada dos manifestante à Radial Leste. Os manifestantes correram em direção à Rua Platina, uma paralela da Radial. Lá, foram novamente recebidos a bala de borracha por outro grupo da Tropa de Choque. Um manifestante tirou a camiseta e ficou diante dos policiais com uma latinha na mão desafiando os policiais. Acabou preso.

Outros cinco ônibus chegaram com manifestantes para "O Grande Ato 12 de Junho: não vai ter Copa!" Eram black blocks, punks, sindicalistas ligados à CSP-Conlutas e estudantes secundaristas. Por volta das 11h, um grupo resolveu marchar até a Rua Serra do Japi, onde fica a sede do Sindicato dos Metroviários. 

Protesto na Paulista vira atração para estrangeiros

A pauta dos metroviários de São Paulo ganhou o mundo nesta quarta-feira (11). Literalmente. O protesto que reuniu 50 pessoas em apoio aos demitidos e parou a Avenida Paulista por quase duas horas, ontem à noite, virou pauta de telejornal noturno do Canadá.

O repórter Peter Akman, junto com um câmera e uma produtora, que estão no País para cobrir a Copa do Mundo, gravou parte da reportagem de cima de uma das floreiras da via, para aparecer com os manifestantes e faixas ao fundo.

"Também temos protestos. É parte da democracia", disse o jornalista. Um pouco mais à frente, o economista Dean Luic, de 40 anos, se admirava com a manifestação. Ele e seus outros três amigos, todos croatas, vieram para assistir à partida inicial da Copa hoje. "Acho ótimo os brasileiros protestarem, é pena que não façamos isso, porque lá também tem muita corrupção", afirmou Damir Elez, de 40 anos, que viaja com Luic.

Enrolado em uma bandeira dos EUA, o caminhoneiro salvadorenho Oscar Monterosa, de 58 anos, bebia uma cerveja com familiares. "Acho que eles têm o direito de fazer isso, sim, e acompanhamos a cobertura das manifestações", disse ele, que mora em São Francisco, Califórnia.

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