Fraude nos testes de emissões provoca maior crise da história da Volkswagem

Boris Feldman e Marcelo Ramos
26/09/2015 às 07:28.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:51

Se há uma entidade governamental com a qual não se deve brincar é com a regional californiana da US Environmental Protection Agency (EPA), que em bom português significa Agência de Proteção Ambiental, órgão que fiscaliza os impactos ambientais nos Estados Unidos. Implacável na fiscalização ambiental, principalmente com o que sai do escapamento dos carros, a agência descobriu a fraude dos testes de emissões de poluentes do Grupo Volkswagen, que já ganhou apelidos como “Dieselgate”.   A história, que se alastrou pelo mundo há uma semana, aponta que a marca instalou propositalmente um programa de computador na central eletrônica dos automóveis equipados com motor diesel que seria capaz de perceber quando está sendo submetido a testes e regular automaticamente o mapeamento da injeção para o modo econômico.   Segundo o EPA, nesse padrão de funcionamento, a central eletrônica injeta menos combustível no motor, que por sua vez reduz o volume de gases nocivos, garantindo a aprovação nos testes de emissões.   Nos Estados Unidos, são cerca de 480 mil unidades envolvidas, de modelos como Jetta, Beetle (Fusca), Golf, além do Audi A3. No entanto a VW, que confirmou a maracutaia, está na mira de diversos países da Europa, assim com Japão e Coreia do Sul, e o volume estimado é de 11 milhões de unidades no mundo todo.   Além de derrubar as ações da empresas, poder gerar multas bilionárias e de já ter ceifado a cabeça do presidente mundial do Grupo Volkswagen, Martin Winterkorn (já substituído por Matthias Müller, da Porsche), a história pode comprometer o plano do grupo de assumir a liderança do mercado global em 2018, além de provocar um lambança na imagem da marca que ao contrário da fumaça, não dissipará facilmente.   Ibama   Apesar de nenhum dos modelos envolvidos no escândalo serem vendidos com motor diesel no Brasil, o Ibama informou que notificaria a filial brasileira a prestar esclarecimentos sobre a fraude. No entanto, a marca comercializa a picape Amarok, com motor 2.0 turbodiesel, feita na Argentina.   Caso seja comprovado que a marca violou as normas de emissões no país, poderá pagar multa de R$ 50 milhões. Segundo a VW do Brasil, até o fechamento a notificação do Ibama ainda não tinha sido entregue.   Mudança no padrão do teste de emissão enganou o software da Volkswagen   Uma das principais exigências para homologar um automóvel em mercados como o norte-americano, japonês, europeu e até mesmo o brasileiro é o atendimento aos níveis de emissões de gases poluentes. E burlar as aferições não é algo simples, mas as investigações apontam que é possível por meio de softwares como o instalado nos motores diesel dos automóveis VW.   Conversamos com especialistas em sistema de injeção e eles disseram que realmente é possível instalar um programa na central eletrônica capaz de identificar que o carro está sendo aferido e mascarar os resultados. Confira abaixo como casa da VW caiu!   Fiat burlou governo brasileiro   O escândalo da VW levantou suspeitas em relação a outras fábricas terem praticado o mesmo artifício para enganar o governo. A Autobild, respeitada publicação alemã, acusou a BMW, no dia seguinte em que veio à tona a “escorregada” da VW, de ter também ludibriado os testes de emissões, mas acabou voltando atrás.   A Fiat Automóveis também enganou o governo brasileiro na década de 90: ao avaliar as emissões de seus motores, os técnicos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) desconfiaram da marca ser a única a não ter equipado o escapamento com o catalisador no motor 1.0. Decidiram então testar novamente o carro para descobrir que, se o motor funcionasse com o capô aberto (pela necessidade de se instalar cabos para a medição), um comando atuava sobre a injeção eletrônica, mudando seu comportamento e reduzindo as emissões. A Fiat foi notificada e pagou pesada multa para o governo.

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