"Qualquer um pode ter um antigo", afirma presidente do Veteran Car MG

Marcelo Ramos - Hoje em Dia
24/01/2015 às 10:08.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:46

Quem não abre um sorriso diante de um automóvel antigo? As razões para essa simpatia espontânea se dão por fatores emocionais, por saudosismo e lembranças, como explica o pediatra, colecionador de antigos e presidente do Instituto Veteran Car MG, Otávio Pinto de Carvalho. E ele garante que ter um antigo não exige uma fortuna, apenas paciência e dedicação.
Quais são as razões que levam as pessoas se dedicarem a colecionar automóveis antigos?
Existe uma relação de saudosismo com os automóveis antigos, que nos fazem recordar de passagens da vida, como o carro em que se casou, ou um que o pai já teve. Mas há também quem se dedique a restaurar carros, de vê-lo nascer de novo. É uma obra de arte em que você pode andar nele.
Com o perdão do clichê, pode se dizer que o carro é a história em movimento?
Desde sua concepção, o automóvel criou um vínculo muito forte com o homem. O carro alterou padrões de distância, tempo e até mesmo conceitos de arquitetura e urbanismo. Além disso, os carros são registros de várias épocas. Neles se vê o funcionamento de tecnologias de determinados períodos e regiões. Basta pegar um automóvel norte-americano da década de 1950, enormes e cheios de cromados, que representam a expansão econômica dos Estados Unidos, e ao mesmo tempo, o carro europeu pequeno e simples, reflexo do final da Segunda Guerra Mundial. Quem gosta de carro antigo, gosta de história, geografia, arte. É um elemento cultural.
Falando em cultura, vocês querem construir um museu nos arredores da Praça da Liberdade, a quantas anda o projeto?
Belo Horizonte tem um acervo extraordinário, não é maior que São Paulo, mas podemos dizer que tem uma qualidade espetacular. Nós queremos que este acervo não fique escondido. Ninguém conhece esses carros. São automóveis raríssimos com excelente nível de restauração, mas longe dos olhos do público. É por isso que queremos construir um museu, em que o acervo dos colecionadores com exposição rotativa. Os visitantes poderiam voltar e ver novos carros. Será muito bom para a cidade, pois movimento o turismo. Por exemplo, o museu de Mulhuse, na fronteira da França com a Alemanha. Ninguém vai a Mulhuse se não for para visitar seu museu, que conta com a maior coleção de Bugatti do mundo. Então, do ponto de vista cultural, seria muito importante. Já temos o terreno e o projeto, falta a verba que tentaremos captar pela Lei de Incentivo Fiscal.
Explique o Veteran Car MG?
Somos um clube de colecionadores, com nossos encontro mensais para fazer com que o carro se movimente. Fazemos o encontro de Araxá, que é um dos mais importantes da América Latina e levamos carros raríssimos, como o Rolls-Royce da Presidência da República.
Qual é critério para fazer do clube?
Somos um clube pequeno e bastante seletivo. Temos muito prestígio no país inteiro e poderíamos ter mais de quinhentos sócios, mas não queremos. Queremos apenas pessoas que pensem como a gente, que o principal é a restauração meticulosa e original. Acreditamos que o automóvel é um ícone que representa um momento da história, e dessa forma é preciso respeitar a originalidade desse automóvel.
Quais são os passos para quem quer restaurar um antigo?
Primeiramente é buscar clubes sobre aquele carro em que se tem o interesse, onde é mais fácil buscar informações. Hoje é fácil restaurar um carro. Há 30 anos não havia internet e encontrar peças poderia levar meses e um mundo de dinheiro. Hoje está tudo na palma da mão e importar os ítens ficou muito mais fácil, mesmo com alta dos impostos de importação e dólar caro.
Então dá para começar sem muito dinheiro?
Carro antigo é igual a fazenda, você pode gastar o que quiser para cercar, muito ou pouco, mas no final tudo é fazenda do mesmo jeito. O importante é ter paciência e pesquisar bem. Avaliar se o custo de restauro daquele carro ficará mais caro que seu valor após concluído. Essa regra só não se aplica se o carro tiver um valor sentimental. A dica é começar com um nacional que tem maior facilidade de encontrar peças e itens de acabamento mais simples que um Rolls-Royce por exemplo. Depois de pronto a manutenção é comum a de um carro atual. Outra dica é fazer um carro de cada vez e de forma progressiva, pois não há pressa para finalizar o carro.
Um antigo pode ser utilizado no dia-a-dia?
Não dá para rodar com esses carros no trânsito normal. Você pode passear com eles, sem o menor problema, mas no uso cotidiano é impraticável. Imagine estacionar um carro de seis metros, ou enfrentar um engarrafamento num período de calor num antigo. Não vai dar certo.

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