Redução do ICMS para o álcool deixa combustível mais atraente

Marcelo Ramos - Hoje em Dia
06/06/2015 às 11:26.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:22
 (Wesley Rodrigues)

(Wesley Rodrigues)

Cada combustível tem suas vantagens e desvantagens e o motor flex permite o uso de qualquer um deles em qualquer proporção. Em Minas Gerais, os motoristas migraram para o etanol depois que seu preço baixou sensivelmente na bomba. Fácil de explicar: para estimular o consumo do combustível da cana, o governo mineiro reduziu –no ano passado – seu imposto (ICMS) de 19% para 14%. Para compensar, subiu o da gasolina de 27% para 29%.
Ora, a regra para avaliar se vale a pena o etanol é simples: só pode custar até 70% do preço da gasolina, para compensar seu consumo 30% maior. Com as mudanças no ICMS, o derivado da cana está custando, em média, R$ 2,09, enquanto a gasolina está em R$ 3,30 (a aditivada, R$ 3,41). Feitas as contas, o preço do etanol está, em média, custando 63% do derivado do petróleo. Considerando-se os preços mais elevados da gasolina e os mais baixos do etanol, o percentual cai para 46%. Em qualquer situação, o derivado da cana de açúcar tornou-se mais conveniente.
De acordo com a Associação das Indústrias Sucro- energéticas de Minas Gerais (Siamig) a média de consumo de etanol era de 15 litros para cada 100 litros de gasolina comercializados. Em abril, o volume subiu para 38 litros de álcool para 100 de gasolina, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), com um total de 140 milhões de litros do derivado da cana. De acordo com a Siamig, o volume correspondeu a um aumento de 146% sobre abril de 2014.
Percepção no bolso
Para o presidente da entidade, Mário Campos, nos últimos anos o governo federal adotou uma política de preços que privilegiava o consumo da gasolina, o que tornou o etanol menos competitivo. “O aumento da demanda se dá pelo preço. Nos últimos quatro anos a gasolina teve desoneração de impostos, o que não ocorreu com o etanol, o que influenciou na decisão do consumidor, já que era menos vantajoso abastecer com álcool”, observa, Campos, que acredita que o consumidor não vê o etanol com preconceito, já que os automóveis se modernizaram eliminando antigas falhas de funcionamento.
Prós e contras
Se no bolso a conta é vantajosa, na dirigibilidade há prós e contras. Como o consumo do álcool é maior que o da gasolina, a autonomia do tanque é menor: o motorista tem que frequentar com mais assiduidade o posto. Em compensação, o combustível da cana permite maior taxa de compressão no motor, o que resulta em maior potência e desempenho. Outro problema do etanol é que, nas manhãs mais frias, ele exige que se injete gasolina no motor, pois não se vaporiza em baixas temperaturas.
E daí o tal do tanquinho que sempre causa aborrecimentos ao motorista. Em termos ecológicos, o etanol é “mais limpo”: além de emitir menos CO2, a cana de açúcar crescendo na terra absorve este mesmo dióxido de carbono da atmosfera. Ou seja, o balanço ecológico do álcool termina “empatado”
Abastecendo apenas com etanol, economia pode chegar a 18% no bolso   A variação do consumo relativo entre os dois combustíveis depende de vários fatores e não se pode fixar a regrinha dos 30% para todos os motores. Há pouco mais de um ano a empresa de gerenciamento de frotas Ecofrotas, publicou um estudo em que verificou que nos 410 mil veículos gerenciados pela empresa, a variação de consumo do etanol em relação ao derivado do petróleo foi de 20%.
O que contraria a regra consensual dos 70%: considerando-se que um automóvel tenha um consumo médio de 10 km/l com gasolina, imagina-se que ele rode apenas 7 km/l com o etanol. Mas o balanço da Ecofrotas afirma que o álcool renderia uma autonomia superior, na ordem de 8 km/l. Uma boa dica para o motorista é ele fazer as contas no seu automóvel, alternado o abastecimento com os dois combustíveis para determinar qual é mais vantajoso.
Dessa forma, se hipoteticamente o consumidor roda 1.200 quilômetros por mês, que equivaleria a 120 litros de gasolina, seriam necessários mais 36 litros de etanol para a mesma distância. Considerando os valores médios de R$ 3,30 para gasolina e R$ 2,09 o etanol, durante o mês seriam gastos R$ 396, caso o consumidor opte pela gasolina, ou R$ 326, se abastecer com o etanol. O consumidor já fez as contas e o reflexo pode ser sentido nas bombas. “A demanda por etanol vem aumentando há 45 dias, mais ou menos. A venda de gasolina continua mais alta, mas muita gente mudou sua opção. No mês de maio o etanol representou 20% do total de vendas do posto, antes esse percentual era bem menor”, explica Maria Sônia, gerente de um posto bandeira BR.
Para o engenheiro Wellington Gonçalves, o etanol também passou fazer parte da dieta de seu carro. “Abasteci com etanol por estar mais barato, dentro do cálculo dos 70% de diferença entre sobre o valor da gasolina. Eu costumo abastecer com gasolina, mas, observando essa diferença, compensa mais abastecer com o etanol”.
* Com Alex Bessas  

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