Alto custo dos insumos faz com que produtores busquem alternativas para produção no campo

Maria Helena Dias - Especial para Força do Campo
14/10/2015 às 08:03.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:02
 (Sérgio Amzalak)

(Sérgio Amzalak)

Diminuir os custos de produção passou a ser um dos maiores desafios do produtor rural, que tem amargado, dia a dia, a redução de sua rentabilidade nas atividades agrícolas. Com a desvalorização cambial do real, o homem do campo vem sofrendo com o reajuste nos preços dos insumos. São frequentes os incrementos nos valores dos fertilizantes, inseticidas, fungicidas e sementes, além dos aumentos dos combustíveis e energia elétrica, que afetam a economia como um todo e impactam nos custos de toda a cadeia produtiva.

Para ofertar produtos com preços mais competitivos ao mercado, muitos produtores estão economizando na compra de fertilizantes e corretivos.Isso se comprova por meio dos últimos indicadores do Produto Interno Bruto (PIB), uma vez que o segmento utiliza matérias-primas importadas.

A queda nas vendas de fertilizantes e demais insumos é uma constatação ruim, conforme avaliou a coordenadora da Assessoria Técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso: “Essa retração sinaliza a redução de investimentos dos produtores mineiros em tratos culturais para a próxima safra, o que poderá, inclusive, impactar negativamente o volume de produção no estado em alguns meses”.

Buscando driblar os impactos dos altos custos, manter a margem de lucro da atividade e garantir uma safra de qualidade, o produtor rural tem sido obrigado a repensar o seu modo de produção. Para isso, tem incluído manejos alternativos que promovam não somente o equilíbrio financeiro, mas também atendam ao mercado que demanda produtos livres de contaminações e produzidos de forma menos agressiva ao ambiente.

Para diminuir o uso de adubos e defensivos quimos, em algumas culturas, como a de hortaliças, o produtor tem buscado a adubação verde, consorciação e rotação de culturas, plantio direto, uso de cobertura morta para o manejo de plantas espontâneas, uso de dejetos de animais e compostos orgânicos na adubação e uso de caldas, extratos de plantas e óleos essenciais para o controle de pragas e doenças.

Cafeicultura

A cafeicultura também tem seus custos de produção majorados. O pesquisador da Epamig Sudeste, Marcelo de Freitas Ribeiro, alerta para as medidas que o cafeicultor deve tomar, lembrando que valem também para outras culturas.

“São, primeiramente, mais importantes os ajustes tecnológicos decorrentes da nova paridade do preço dos insumos. É preciso rever paradigmas consagrados. Tecnologias que tinham uma relação benefício custo favorável passaram a representar perdas”, afirmou.

Para ele, há algumas informações tecnológicas de incentivo a práticas alternativas substituindo em parte, ou no todo, os adubos químicos, e o monitoramento de pragas e doenças para que seja realizada uma aplicação mais direcionada no momento em que os danos econômicos se justificarem.

Marcelo Ribeiro afirma que podem ainda ser indicadas tecnologias mais intensivas em trabalho, em vez daquelas que consomem produtos químicos, além das medidas de economia de energia e combustível. “Para favorecer o preço do produto, são recomendadas tecnologias utilizadas no processo de pós-colheita, visando melhorar a qualidade do café produzido, o que se reflete em maior renda, com impacto mínimo no custo de produção”. diz o pesquisador.

As atividades associativas também são eficientes num momento econômico difícil. “ A compra em comum, em que os produtores se organizam para adquirir insumos em grupo, passa a ser uma alternativa que representa grande redução nos preços.”.

Segundo Marcelo Ribeiro, as medidas associativas também podem ocorrer na comercialização do café, quando a massa crítica negociada representa ganhos de escala na venda conjunta da produção.

“É preciso rever paradigmas. Tecnologias que tinham benefício custo favorável passaram a representar perdas”

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