Cafeicultores mineiros discordam do preço mínimo

Arnaldo de Sousa
17/06/2015 às 09:26.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:31
 (Epamig/Divulgação)

(Epamig/Divulgação)

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou uma portaria, em maio, de Política de Garantias de Preços Mínimos (PGPM) para o café. O governo manteve o valor que fora publicado no ano passado de R$ 307 para o café arábica. Já o preço do conilon ou canephora foi reajustado a R$ 193,54/saca, alta de 7,02% sobre o valor anterior de R$ 180,80.

Cafeicultores mineiros, detentores de cerca de 50% do café nacional, e suas lideranças estão reclamando que o governo manteve o preço mínimo defasado. Isto porque, se eles tiverem que praticar esse mínimo proposto em leilões de venda do governo, terão prejuízo muito grande. De fato houve aumento nos custos de produção com repasse da inflação do período aos insumos agrícolas, além de altas nas tarifas públicas de todos os níveis.

Para o leitor ter uma ideia, um cafeicultor de Guaxupé, no Sul de Minas, distante 434 km de Belo Horizonte, com produção de 30 hectares e produtividade de 25 sacas por hectare em dois anos, para descontar a “bienalidade” da cultura, tem um custo de produção total de R$ 532,38/ha.

No custo total da produção estão inclusos: pessoal interno (14,5%), gastos gerais (12,57%), mecanização (4,5%), insumos (26,73%), colheita e pós-colheita manual (41,68%), além de depreciação de máquinas, equipamentos e custo de capital da terra. Todo esse trabalho foi desenvolvido pelo Centro de Inteligência e Mercados da Universidade Federal de Lavras (Ufla).

O medo dos produtores é de que, em condições climáticas normais, a safra de café a ser colhida em 2016 seja acima de 50 milhões de sacas, cinco a seis milhões a mais de sacas se comparada à projeção da safra 2015 (45,3 milhões de sacas), de acordo com números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Isso poderia causar uma depreciação dos preços no mercado.

Há dois problemas que incomodam os cafeicultores mineiros: o alto custo de produção nas áreas de montanha, com colheita manual, e resolver o passivo de uma década dos anos 2000, quando os preços depreciaram, gerando dívida e prejuízo aos produtores. O governo, mantendo o preço mínimo para o café arábica em R$ 307, pode gerar uma situação desconfortável para o setor altamente gerador de emprego e renda no campo.

Os preços mínimos propostos pela Ufla seriam da seguinte forma para o café arábica: Custo Operacional Total na produção manual de R$ 499 /saca, na produção mecânica não irrigada de R$ 421/saca e na produção mecânica irrigada o valor mínimo de R$ 343.

Se não houver uma ação para minimizar os riscos da cafeicultura, com um seguro agrícola adequado ao café, renegociação do endividamento em longo prazo e um estudo multidisciplinar envolvendo todas as esferas de governo para melhorar a produtividade em regiões de montanha, teremos um impacto social, ambiental e econômico importante na cafeicultura.

A maior preocupação é quanto ao futuro. Porém, se os produtores souberem aproveitar as altas dos preços, suas vendas serão bem remuneradas
 

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